O Caminho do Meio



Hoje coloco uma citação de Lou Marinoff no Livro "O caminho do meio" .
Ele fala do embate entre as civilizações e como soluciona-los com ABC (Aristóteles, Buda e Confúcio). Vamos a ele:

Foto de Lou Marinoff

Como vimos, a civilização  Islâmica (como as religiões adâmicas da qual surge) adota "um Deus, um Profeta, um livro". A civilização Indiana politeísta assimila "todos os Deuses, todos os profetas e todos os livros". A civilização Ocidental oferece a seus cidadãos a a escolha entre "qualquer Deus, qualquer profeta, qualquer livro". 

A civilização oriental, não obstante seus convertidos ao cristianismo e ao islamismo, e seus adoradores de Buda como um Deus é exemplificada pelo Tao e pelo confucionismo ateísta, que lhe conferem a ética secular, mas aderem ao "nenhum Deus, nenhum profeta e nenhum livro". As pessoas observam rituais e praticam as virtudes confucianas, mas não veneram Confúcio, que ficaria horrorizado se fosse endeusado.


Hermes Trismegisto, Criação, Vida, Unidade.

Hermes Trismegisto, Criação, Vida, Unidade.


 
"Busca, ó alma, adquirir o conhecimento absoluto das coisas aprendendoa conhecer sua forma e sua essência. Mas deixa de lado suas qualidades e sua quantidade, pois a Vida verdadeira, assim como sua essência, é una e eterna, e não há nada que se interponha entre ela e a alma."

Por que o mundo é assim?

Por que os homens fazem assim?
Ou, mais diretamente, por que sou assim?
Por que faço o que faço?
Por que existe sofrimento?
Por que existe injustiça?
O que é o amor?
Onde está a harmonia?

Todas estas perguntas, certamente, não são novas. O homem, olhando as estrelas, sempre procurou compreender o como e o porquê da criação.

Mas, nos dias de hoje, quem chega ao final do processo de individualização, já não se satisfaz com fórmulas prontas e, como já as conhece, sente uma surda inquietação.

Buda disse: 

 "Mesmo que o mundo fosse tão belo como cantam os poetas ou como o pintam os artistas, aqui não encontraríamos a paz".

A resposta para estas indagações não é difícil e nem complicada.

Não se trata de usar a inteligência, como geralmente pensamos, enganosamente.

As funções intelectuais sempre estão relacionadas com o tempo e o espaço.

Depois da morte do corpo, o que resta são os pensamentos e sua expressão, em formas que não permanecem.

E, se não prestamos nenhuma atenção a eles, eles desaparecem.

Há pensamentos que podem durar mais, mas não são eternos.

As idéias, as reflexões, os gostos, as tendências, os sentimentos, as preferências, acabam-se apagando na poeira dos séculos.

E isto é muito bom, pois muitas especulações, talvez muito interessantes em um dado momento, nada servirão para a eternidade.

Muito acima das atividades mentais, está a fonte da vida.

A vida penetra e engloba toda a criação, mas sem receber dela nenhuma influência.

Da fonte, jorra a força que conduz a criação para seu objetivo.

Esta força não se reduz a uma soma de preceitos: ela não permite o sucesso na vida pessoal; ela não é tangível, nem pode ser captada.

Podemos apenas recebê-la e ela nos permite participar da verdadeira vida.

Ela alimenta a alma, desde que a alma deseje ser alimentada por ela.

É a fonte silenciosa, intangível, na qual a alma pode matar sua sede para encontrar a fé e o consolo, e avançar no caminho até o bom fim.

A primeira condição é que a alma queira matar sua sede na fonte de vida original.

Depois de ter perdido o rumo, ela deve optar pela volta.

É por esta razão que dizemos que o mundo material não passa de uma morada provisória para a alma.

Isto quer dizer que a alma está de passagem, que ela deve ir além, sem "dormir sobre os louros".

"Na planície do desespero, jazem os ossos dos inúmeros que se sentaram para descansar. E, enquanto estavam sentados, morreram."

O homem é empurrado para a frente e sacudido, até conseguir adiantar-se, rumo a sua meta, que é a unidade tríplice: do Espírito divino, da Alma imortal e do Homem transfigurado.

Buda mostrou a angústia da alma aprisionada, comparando o mundo em que ela vive a uma casa prestes a pegar fogo: é preciso abandonar a casa.

Quem aspira a libertar sua alma é um passageiro neste mundo.

Está aqui, trabalha aqui, faz o melhor de si, mas continua neutro em relação a tudo o que se passa dentro dele e a sua volta.

Sua meta final não está incluída nos limites do espaço e do tempo.

Ele se comporta com inteligência e sabedoria.

Sua conduta testemunha sua paz interior, sua compreensão e sua fé verdadeira.

E, quando ele encontra alguém que está angustiado, o ajuda como o bom samaritano e não como o fariseu.

Como a paz na terra é efêmera, ele não fica procurando aqui embaixo uma sociedade ideal dotada de uma estrutura em perfeito funcionamento.

Certamente, ele consagra o melhor de suas forças a elevar o mais alto possível o nível da sociedade, mas este não é seu objetivo principal.
 
Quem vê a solução neste modo de considerar a vida, não deve hesitar em se submeter, a si mesmo e ao mundo, a um exame aprofundado.

Hermes Trismegisto diz:

"Busca, ó alma, adquirir o conhecimento absoluto das coisas aprendendo a conhecer sua forma e sua essência. Mas deixa de lado suas qualidades e sua quantidade".

No mundo da multiplicidade, este é um trabalho sem fim: estudar as propriedades dos inúmeros seres e fenômenos.

Cada resposta suscita uma nova série de perguntas; e também não devemos buscar a paz interior na multiplicidade das coisas, pois a "paz é leve como o vento".

Uma paz interior durável nasce justamente quando a alma se eleva para além da multiplicidade, para celebrar a unidade com a Fonte.


Gnosis


GNOSIS

 
Toda a vez que lemos algo a respeito da Gnosis um conceito cujo significado literal é conhecimento ou quando ouvimos falar alguma coisa a respeito dela, geralmente associamos esse conceito àquele de "conhecimento oculto" e designamos pela palavra gnóstico tudo aquilo que é misterioso e por conseguinte oculto ao ser natural grosseiro.

Originalmente a Gnosis era, porém, a síntese da sabedoria primordial, a soma de todo o conhecimento, que dirigia a atenção diretamente para a vida primordial divina, uma verdadeira onda de vida humana divina não terrestre.



Os hierofantes da Gnosis eram e ainda são, os enviados do reino imutável, trazendo para a humanidade perdida a sabedoria divina e indicando a senda única para aqueles que, na qualidade de filhos perdidos, estão desejosos de retornar à patria original.

Essa Gnosis, tal como foi trazida pelos hierofantes-mensageiros, jamais foi escrita.

Ela foi transmitida oralmente, de instrutor a aluno.

Entretanto, nada deve fazer supor que essa transmissão verbal da Gnosis tenha sido, sem mais nada, completa. Havia um contato com o grupo e com o próprio candidato.

Em ambos os contatos era minuciosamente levada em conta a condição espiritual do interessado. Da Gnosis somente era revelado aquilo que era considerado útil
e necessário ao candidato.

Assim, pode-se afirmar com absoluta certeza que nas regiões dialéticas não existe pessoa alguma em quem a Gnosis se tenha revelado em sua totalidade.

Aquele que afirma conhecê-la, não a conhece; e aquele que a conhece, não fala.

Esta é uma lei dos mistérios universais, rigorosamente observada desde que
surgiu a ordem de natureza dialética.

Em consequência do seu egocentrismo e da sua consciência apartada do Espírito, o homem dialético tem a tendência caracterlstica de utilizar aquilo que
pode agarrar e assimilar, em qualquer nível que seja, para o fortalecimento do seu próprio estado.

Conseqüentemente, revelar a Gnosis a tais entidades não contribuiria para a sua salvação, mas sim para a sua definitiva perdição.

Por isso, a Gnosis jamais é revelada em sua plenitude, jamais é transmitida verbalmente em sua integridade, pois são inúmeros aqueles que muito depressa e facilmente assimilam-na mentalmente e, em consequência, ocasionam danos não só a si mesmos, como também a outrem.

Assim, podemos compreender que a revelação da Gnosis é um processo que se desenvolve na mesma medida em que o buscador avança na senda.

A lei dialética "primeiro saber para depois agir" só pode ser aplicada aqui de maneira muito limitada. Para estar em condições de possuir a Gnosis, para poder aproximar-se da noiva celeste, o buscador deve primeiramente agir.

Este agir torna-se então, a cada passo, um ato responsável e inteligente.

Este ato inteligente é observado cuidadosamente.

Os hierofantes jamais poderão ser enganados.

Uma ação pseudo-inteligente é pura especulação, na qual o eu, escondido num
canto, está à espreita; uma ação pseudo-inteligente não passa de uma 'pose, algo teatral, e tal ação é sempre desmascarada.

Como pode um homem, que se extenua na escuridão e na noite, agir inteligentemente e abrir assim o caminho para a Gnosis?

E para auxiliá-lo nesse sentido que os hierofantes têm vindo a nós.

Embora a Gnosis não seja revelada, no entanto fala-se e escrevese a respeito dela.

"Deus amou de tal forma o mundo, que enviou seu Filho unigênito a fim de que aqueles que nele cressem não perecessem, mas alcançassem a vida eterna."

Esse Filho da Luz está presente e trata-se agora de saber se percebeis algo a respeito d'Ele. Perceber algo d'Ele quer dizer: ser tocado por Ele. Ser tocado por Ele significa ter a possibilidade para uma ação inteligente. Isso é crer! Crer jamais significa aderir a um sistema.

A Gnosis vem até vós de acordo com a pureza da vossa intenção de ouvir e da ação espontânea que daí possa resultar.

Da parte da Tradição não é desperdiçada a minima parcela de energia.

Supondo que ouvis um instrutor desconhecido dizer: "O caminho que conduz à Luz é um caminho de saúde, de liberdade e de alegria". Admitamos que esta frase seja pronunciada no templo da

Rosacruz. Então, um diamante encontra-se oculto nessas palavras. E será observado muito atentamente se percebeis a irradiação dessa jóia e qual o efeito que essa radiação produz em vós.

Por exemplo:

Podeis estar doentes e, neste caso, um caminho que leve à saúde vos interessará muito. Podeis, sejam quais forem as circunstâncias, sentir-vos privados de liberdade, então um caminho que conduza à liberdade exercerá em vós grande estímulo. Se suportais grandes sofrimentos e dificuldades, evidentemente sentireis interesse por uma alegria verdadeira e eterna. Nessas condições, podeis perceber esse diamante oculto e sentir o seu brilho? Não é verdade que a vossa reação, então, é antes de tudo uma reação dialética? Sois atraídos por aquilo que estais famintos e por aquilo que vos falta.

Quem dentre vós sente falta da Luz?

Quem dentre vós anseia pela Luz universal, como uma pobre e mendicante alma, que se consome em desejo, mortalmente abandonada?

Quem ama com cada fibra de seu ser a fonte original da Luz? Quem ainda possui aquela aspiração primordial pela unidade com Deus?

Quem sente interiormente como o salmista:
"Como a Força suspira pelas correntes de água, assim minha alma suspira por Ti, ó Deus! Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivente. Quando irei e estarei diante da face de Deus?"

Quem possui essa sede básica de Deus, se ainda carecemos de saúde, liberdade e alegria? Portanto, é justamente isso que a Gnosis requer.

É nessa sede pela Luz que está escondido o cintilante diamante. É com essa exigência fundamental que começa a Gnosis, que começa o Sermão do Monte:

"Bem-aventurados os pobres de espírito", o que quer dizer: bem-aventurados aqueles que aspiram ao Espírito, isto é, à Luz. Aquele que se abrir inteiramente a esse anseio, a esse amor, e nesse amor se perder por inteiro, encontrando nele toda a sua riqueza, tudo o mais lhe será concedido.

Quando o Espírito Santo vem a Maria, aquela cuja alma se voltou em direção à Luz,
para oferecer-lhe a síntese que traz a salvação, isto significa: "Maria conservou todas essas coisas em seu coração". "Conservar algo no coração" refere-se a um estado de amor perfeito para com Deus; é possuir a jóia cintilante como uma radiação do coração, uma radiação que parte para tudo e para todos.

A mulher que de maneira impessoal consegue emitir do santuário do coração uma tal força de radiação de uma Mãe de Deus; ela é uma Maria, uma Ísis, pois é possuidora da Luz que traz a salvação, e no tempo oportuno irradiará essa Luz para o mundo e para a humanidade; ela levará a Gnosis a qualquer um que aspire a essa Luz, E quando o velho Simeão percebe essa Luz do coração no templo do mais profundo do seu ser, ele exclama: "Em verdade, este foi posto para uma
queda e ressurreição de muitos".

O homem que de maneira impessoal pode fazer jorrar do santuário do coração uma tal força de radiação é José, o carpinteiro; ele é o maçom que impulsiona, chama e desperta. Ele é o destruidor do inferno, aquele que não força a si mesmo, nem a outrem, no sofrimento chamejante, mas em perfeito equilíbrio maneja os seus instrumentos para abrir à Gnosis, isto é, à eternidade, a sua entrada no tempo.

Ele não se envergonha de tomar Maria como esposa, como companheira no tempo e na eternidade, pois o que nela foi gerado não é da vontade do homem, mas sim do Esplrito Santo. O egoísmo e a vontade própria desaparecem aqui no nada, e é o amor de Deus, que ultrapassa toda a razão, que forma José e cobre Maria com sua sombra.

Pode o homem dialético, desse modo, conservar ainda alguma coisa em seu coração?

O que ele possui no coração não é em grande parte misticismo, sentimentalismo
e emoção?

Os hierofantes da Gnosis prestam atenção a isso e por esse motivo que nós vo-lo relatamos. Podeis, pois, saber como eles operam.

Eles falam sobre a sabedoria universal, mas não a trazem como presente numa salva. Eles introduzem em suas palavras diversos estímulos ocultos de reações ou experimentam 'impelir-vos pela ação a uma reação.

Cuidam minuciosamente como se apresenta e de que natureza é essa reação. E à medida em que a alma, isto é, a consciência, renuncia a si mesma e rende-se ao eterno, a Gnosis revela-se. Esse é o caminho que a Tradição, como serva da Gnosis, segue convosco.

Por esse motivo, é impossivel que a Gnosis possa ser revelada e oferecida, em sua totalidade, como um sistema.

Mas pode-se, assim como já o dissemos, falar e escrever sobre a Gnosis, e indicar o caminho que a ela conduz.

Tudo aquilo que os hierofantes fazem com essa finalidade é mais que suficiente para conduzir o candidato a uma ação inteligente e fundamental.

Cremos ainda ser necessário esclarecer um possível mal entendido. Numerosos são aquelesque supõem que a Escritura Sagrada seja a linguagem da Gnosis, a Gnosis revelada.

Nada é menos verdadeirol A Biblia também fala da Gnosis e a respeito dela, indicando a direcão para Deus.

Tomemos por exemplo a palavra "Jesus". Se analisarmos cabalisticamente essa palavra, obteremos "portador da salvação" ou "libertador". Para um homem totalmente enclausurado, o nome, assim como o seu significado, sua profundeza interior, não têm o mínimo sentido, mas para aquele que está aberto à Gnosis, a palavra e sua forma sonora não contêm nenhum segredo que deva ser desvendado.

Quem chegou a essa abertura, sabe-o. E quem não chegou, não tem necessidade de sabê-lo. Ele não saberia o que fazer com esse saber, senão usá-lo para vangloriar-se egocentricamente.

Mas não existem tantas coisas ocultas na Bíblia?

Certamente, porém, ninguém poderá empregá-las, se elas ainda não se revelaram no mais íntimo de seu ser.

Muitas partes da Bíblia são anotações de conversas entre instrutores e alunos. Se vos tornardes verdadeiros alunos segundo a exigência da lei, então também não tereis nenhuma inclinação para furtar cabalisticamente mistérios secretos.

Também poderíamos perguntar: "Em suma, a Bíblia tem algum sentido?"

A Bíblia tem sentido unicamente quando desempenha sua tarefa e determinacão.

Os autores da Bíblia foram incumbidos de sacudir o homem dialético e encaminhá-lo para a Gnosis que, sem dispêndio de palavras, acomete este homem dialético em sua realidade nua.

Quando isso acontece, assim como é dito no Sermão do Monte e também por Paulo, ninguém sentirá necessidade de uma análise cabalística.

Quando Jesus, o Senhor, fala de túmulos caiados de branco por fora, mas dentro cheios de podridão e veneno, então até o maior tolo compreenderá tão bem essa expressão, que melhor não seria possível.

O que não for destinado, permanecerá oculto para vós; não o compreendeis e também não o necessitais.

Preocupai-vos, pois, em não furtar mentalmente o que está oculto ou parodiá-lo misticamente, nem procurar retê-lo ocultisticamente. Uma tal Gnosis não vos é destinada, e se apesar de tudo a compreenderdes, ela se vos tornará como um fardo de chumbo e um alimento indigesto.

A Gnosis vem a cada um numa linguagem que lhe é compreenslvel. Ela indica a cada um a senda e cada um pode aproximar-se dela mediante uma ação sincera, honesta, reverente, inteligente e sagrada.


Sobre o Presente e o futuro

Sobre o Presente e o futuro




"Que cada qual examine os seus pensamentos, e os achará sempre ocupados com o passado e com o futuro. 
Quase não pensamos no presente; e, quando pensamos é apenas para tomar-lhe a luz a fim de iluminar o futuro. O presente não é nunca o nosso fim; o passado e o presente são os nossos meios; só o futuro é o nosso fim. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver, e, dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos."
Blaise Pascal

"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperá-la. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido...." 
Confúcio

"Quem não compreender como o corpo veio a existir, há de perecer com ele. Quem não compreender como veio, não há de compreender como irá..."
Mestre Jesus, o Cristo.
Diálogo do Salvador

Desequilíbrios da vida mística


1. Amar os outros, mas não a si mesmo.

2. Não reconhecer o ego como a fonte de todos os problemas (ou não perceber que você é a causa de
tudo.)


3. Tentar escapar da Terra, em vez de criar o Céu na Terra (ou considerar a Terra um lugar terrível.)

4. Enxergar as aparências, em vez da verdadeira realidade que está por trás de todas as aparências.

5. Tentar tornar-se Deus, em vez de perceber que você já é o Eu Eterno, como todas as outras pessoas o são.

6. Pensar que existe algo que se possa chamar de raiva justificada. A raiva é uma armadilha perigosa.

7. Tornar-se um extremista, e não ser moderado em todas as coisas.

8. Tornar-se sisudo demais, deixando de ter alegria, felicidade e diversão suficientes na vida.

9. Ser crítico demais e duro demais com você mesmo.

10. Ler demais e não meditar o bastante.

11. Deixar que a sexualidade o domine, em vez de dominá-la.

12. Pensar que o seu caminho espiritual é o melhor (ou tornar-se um fanático por suas crenças.)

13. Apegar-se demais às coisas.

14. Viver preocupado demais consigo e não se dedicar o suficiente a servir os outros.

15. Desistir em meio a grandes adversidades. Essa é uma das piores armadilhas. Você jamais deve desistir!

16. Achar que o sofrimento que o está incomodando - seja em que nível for - não irá passar.

17. Pensar que precisa de um sacerdote, de um guru... que aja como intermediário entre você e Deus.

18. Priorizar seus relacionamentos em detrimento das relações com você mesmo e com Deus.

19. Envolver-se demais no amor a uma só pessoa, em vez de expandir seu amor para englobar muitas pessoas.

20. Dar importância indevida à busca da paixão ou da alma gêmea, e não perceber que o Eu interior é aquele que, na verdade, você está procurando prioritariamente.

21. Pensar que precisa sofrer na vida.

22. Precisar controlar os outros.

23. Precisar de simpatia, amor ou aprovação.

24. Ser hipersensível ou, no outro lado da moeda, duro demais.

25. Comparar-se com outras pessoas.

26. Pensar que ser pobre é ser espiritualizado.

27. Assumir o papel de vítima diante de outras pessoas.

28. Pensar que o valor reside em alcançar coisas.

29. Tentar fazer tudo sozinho e não pedir a ajuda de Deus; ou, no outro lado da moeda, pedir a ajuda de Deus e não se ajudar a si mesmo.

30. Amar um pouco menos as pessoas porque elas o estão tratando mal ou dando um exemplo negativo de egoísmo.

Joshua David Stone 

Alexander Pope

Tudo que chamas natureza, é arte que desconheces;
Tudo que chamas acaso é direcionamento que não podes ver;
Tudo que chamas discordância é harmonia que não podes entender;
Tudo que chamas mal e parcial é bem universal.
"Alexander Pope
O Ensaio 1734

SUFISMO

SUFISMO
 

 
O Sufis são um caminho espiritual cujas origens nunca foram traçadas nem datadas; nem

eles mesmos se interessam muito por esse tipo de pesquisa, contentando-se em mostrar a ocorrência da sua maneira de pensar em diferentes regiões e períodos. Erroneamente tomados por uma seita muçulmana, os sufis sentem-se à vontade em todas as religiões.

Se chamam ao islamismo a "casca" do sufismo, é porque o sufismo, para eles, constitui o ensino secreto dentro de todas as religiões. "Aquele que ouve a voz do povo sufista e não diz aamin (amém) é lembrado na presença de Deus como um dos insensatos".

Tampouco são os sufis uma seita, visto que não acatam nenhum dogma religioso, por mais insignificante que seja, nem se utilizam de nenhum local regular de culto.

Não têm nenhuma cidade sagrada, nenhuma organização monástica, nenhum instrumento religioso. Não gostam sequer que lhes atribuam alguma designação genérica que possa constrangê-los à conformidade doutrinária. "Sufi" não passa de um apelido, como "quacre", que eles aceitam com bom humor.

Referem-se a si mesmos como "nós amigos" ou "gente como nós", e reconhecem-se uns aos outros por certos talentos, hábitos ou qualidades de pensamento naturais. As escolas sufistas reuniram-se, com efeito, à volta de professores particulares, mas não há graduação, e elas existem apenas para a conveniência dos que trabalham com a intenção de aprimorar os estudos pela estreita associação com outros sufis.

A assinatura sufista característica encontra-se numa literatura amplamente dispersa desde, pelo menos, o segundo milênio antes de Cristo, e se bem o impacto óbvio dos sufis sobre a civilização tenha ocorrido entre o oitavo e o décimo oitavo séculos, eles continuam ativos como sempre.

O que os torna um objeto tão difícil de discussão é que o seu reconhecimento mútuo não pode ser explicado em termos morais ou psicológicos comuns, quem quer que o compreenda é um sufi.

Posto que se possa aguçar a percepção dessa qualidade secreta ou desse instinto pelo íntimo contato com sufis experientes, não existem graus hierárquicos entre eles, mas apenas o reconhecimento geral, tácito, da maior ou menor capacidade de um colega.

O sufismo adquiriu um sabor oriental por ter sido por tanto tempo protegido pelo islamismo, mas o sufi natural pode ser tão comum no Ocidente como no Oriente, e apresentar-se vestido de general, camponês, comerciante, advogado, mestre-escola, dona-de-casa, ou qualquer outra coisa.

"Estar no mundo mas não ser dele", livre da ambição, da cobiça, do orgulho intelectual, da cega obediência ao costume ou do respeitoso temor às pessoas de posição mais elevada, tal é o ideal do sufi.

Oferecem ao devoto um "jardim secreto" para o cultivo da sua compreensão, mas nunca exigem dele que se torne monge, monja ou eremita, como acontece com os místicos mais convencionais; e mais tarde, afirmam-se iluminados pela experiência real, "quem prova, sabe", e não pela discussão filosófica.

Diz de si mesmo, Ibn El-Arabi:

"Sigo a religião do Amor.Ora, às vezes, me chamam Pastor de gazelas [divina sabedoria]. Ora monge cristão, Ora sábio persa. Minha amada são três, Três, e no entanto, apenas uma; Muitas coisas, que parecem três, Não são mais do que uma. Não lhe dêem nome algum, Como se tentassem limitar alguém. A cuja vistaToda limitação se confunde"

Os poetas foram os principais divulgadores do pensamento sufista, ganharam a mesma reverência concedida aos ollamhs, ou poetas maiores, da primitiva Irlanda medieval, e usavam uma linguagem secreta semelhante, metafórica, constituída de criptogramas verbais. Escreve Nizami, o sufi persa: "Sob a linguagem do poeta jaz a chave do tesouro".

Essa linguagem era ao mesmo tempo uma proteção contra a vulgarização ou a institucionalização de um hábito de pensar apropriado apenas aos que o compreendiam, e contra acusações de heresia ou desobediência civil.


Ibn El-Arabi, chamado às barras de um tribunal islâmico de inquisição em Alepo, para defender-se da acusação de não-conformismo, alegou que os seus poemas eram metafóricos, e sua mensagem básica consistia no aprimoramento do homem através do amor a Deus.

Talvez seja mais importante o fato de que toda a arte e a arquitetura islâmicas mais nobres são sufistas, e que a cura, sobretudo dos distúrbios psicossomáticos, é diariamente praticada pelos sufis hoje em dia como um dever natural de amor, conquanto só o façam depois de haverem estudado, pelo menos, doze anos.

Os ollamhs, também curadores, estudavam doze anos em suas escolas das florestas. O médico sufista não pode aceitar nenhum pagamento mais valioso do que um punhado de cevada, nem impor sua própria vontade ao paciente, como faz a maioria dos modernos; mas, tendo-o submetido a uma hipnose profunda, ele o induz a diagnosticar o próprio mal e prescrever o tratamento. Em seguida, recomenda o que se há de fazer para impedir uma recorrência dos sintomas, visto que o pedido de cura há de provir diretamente do paciente e não da família nem dos que lhe querem bem.

Depois de conquistadas pelos sarracenos, a partir do século VIII d.C, a Espanha e a Sicília tornaram-se centros de civilização muçulmana renomados pela austeridade religiosa. Os letrados do norte, que acudiram a eles com a intenção de comprar obras árabes a fim de traduzi-las para o latim, não se interessavam, contudo, pela doutrina islâmica ortodoxa, mas apenas pela literatura sufista e por tratados científicos ocasionais.

A origem dos cantos dos trovadores, a palavra não se relaciona com trobar, (encontrar), mas representa a raiz árabe TRB, que significa "tocador de alaúde", é agora autorizadamente considerada sarracena. Apesar disso, o professor Guillaume assinala em "O legado do Islã" que a poesia, os romances, a música e a dança, todos especialidades sufistas, não eram mais bem recebidas pelas autoridades ortodoxas do Islã do que pelos bispos cristãos. Árabes, na verdade, embora fossem um veículo não só da religião muçulmana mas também do pensamento sufista, permaneceram independentes de ambos.

Em 1229 a ilha de Maiorca foi capturada pelo rei Jaime de Aragão aos sarracenos, que a haviam dominado por cinco séculos. Depois disso, ele escolheu por emblema um morcego, que ainda encima as armas de Palma. A tradição local de que representa "vigilância" não me pareceu uma explicação suficiente, porque o morcego, no uso cristão, é uma criatura aziaga, associada à bruxaria. Lembrei-me, porém, de que Jaime I tomou Palma de assalto com a ajuda dos Templários e de dois ou três nobres mouros dissidentes, que viviam alhures na ilha; de que os Templários haviam educado Jaime em le bon saber, ou sabedoria; e de que, durante as Cruzadas, os Templários foram acusados de colaboração com os sufis sarracenos. Ocorreu-me, portanto, que "morcego" poderia ter outro significado em árabe, e ser um lembrete para os aliados mouros locais de Jaime, presumivelmente sufis, de que o rei lhes estudara as doutrinas.

Idries Shah Sayed, respondeu:

"A palavra árabe que designa o morcego é KHuFFaasH, proveniente da raiz KH-F-SH. Uma segunda acepção dessa raiz é derrubar, arruinar, calcar aos pés, provavelmente porque os morcegos freqüentam prédios em ruínas. O emblema de Jaime, desse modo, era um simples rébus que o proclamava "o Conquistador", pois ele, na Espanha, era conhecido como "El rey Jaime, Rei Conquistador".

Mas essa não é a história toda. Na literatura sufista, sobretudo na poesia de amor de Ibn El-Arabi, de Múrcia, disseminada por toda a Espanha, "ruína" significa a mente arruinada pelo pensamento impenitente, que aguarda reedificação.

O outro único significado dessa raiz é "olhos fracos, que só enxergam à noite". Isso pode significar muito mais do que ser cego como um morcego.

Os sufis referem-se aos impenitentes dizendo-os cegos à verdadeira realidade; mas também a si mesmos dizendo-se cegos às coisas importantes para os impenitentes. Como o morcego, o sufi está cego para as "coisas do dia", a luta familiar pela vida, que o homem comum considera importantíssima, e vela enquanto os outros dormem. Em outras palavras, ele mantém desperta a atenção espiritual, adormecida em outros.

Que "a humanidade dorme num pesadelo de não-realização" é um lugar-comum da literatura sufista. Por conseguinte, a sua tradição de vigilância, corrente em Palma, como significado de morcego, não deve ser desprezada."

A absorção no tema do amor conduz ao êxtase, sabem-no todos os sufis. Mas enquanto os místicos cristãos consideram o êxtase como a união com Deus e, portanto, o ponto culminante da consecução religiosa, os sufis, só lhe admitem o valor se ao devoto for facultado, depois do êxtase, voltar ao mundo e viver de forma que se harmonize com sua experiência.

Os sufis insistiram sempre na praticabilidade do seu ponto de vista. A metafísica, para eles, é inútil sem as ilustrações práticas do comportamento humano prudente, fornecidas pelas lendas e fábulas populares.

Idries Shah Sayed mostra-nos agora que foi uma metáfora para a "reedificação", ou reconstrução, do homem espiritual a partir do seu estado de decadência.

De acordo com o princípio acadêmico inglês, o peixe não é o melhor professor de ictiologia, nem o anjo o melhor professor de angelologia. Daí que a maioria dos livros modernos e artigos mais apreciados a respeito do sufismo sejam escritos por professores de universidades européias e americanas com pendores para a história, que nunca mergulharam nas profundezas sufistas, nunca se entregaram às extáticas alturas sufistas e nem sequer compreendem o jogo poético de palavras pérseo-arábicas.

Idries Shah Sayed remedia a falta de informações públicas exatas, ainda que fosse apenas para tranqüilizar os sufis naturais do Ocidente, mostrando-lhes que não estão sós em seus hábitos peculiares de pensamento, e que as suas intuições podem ser depuradas pela experiência alheia.

É, de fato, um Grande Xeque da Tariqa (regra) sufista, mas como todos os sufis são iguais, por definição, e somente responsáveis perante si mesmos por suas consecuções espirituais, o título de "xeque" é enganoso.

Os mestres sufistas fazem o que podem para desencorajar os discípulos e não aceitam nenhum que chegue "de mãos vazias", isto é, que careça do senso inato do mistério central. O discípulo aprende menos com o professor seguindo a tradição literária ou terapêutica do que vendo-o lidar com os problemas da vida cotidiana, e não deve aborrecê-lo com perguntas, mas aceitar, confiante, muita falta de lógica e muitos disparates aparentes que, no fim, acabarão por ter sentido. Boa parte dos principais paradoxos sufistas está em curso em forma de histórias cômicas, especialmente as que têm por objeto o Kboja Nasrudin, e ocorrem também nas fábulas de Esopo, que os sufis aceitam como um dos seus antepassados.

O bobo da corte dos reis espanhóis, com sua bengala de bexiga, suas roupas multicoloridas, sua crista de galo, seus guizos tilintantes, sua sabedoria singela e seu desrespeito total pela autoridade, é uma figura sufista. Seus gracejos eram aceitos pelos soberanos como se encerrassem uma sabedoria mais profunda do que os pareceres solenes dos conselheiros mais idosos.

Quando Filipe II da Espanha estava intensificando sua perseguição aos judeus, decidiu que todo espanhol que tivesse sangue judeu deveria usar um chapéu de certo formato. Prevendo complicações, o bobo apareceu na mesma noite com três chapéus. "Para quem são eles, bobo?", perguntou Filipe. "Um é para mim, tio, outro para ti e outro para o inquisidor-mor".

Tábua de Esmeralda



A paternidade deste texto é atribuída a Apolônio de Tiana, filósofo e taumaturgo do

primeiro século. Ele descobriu o túmulo de Hermes e diz ter encontrado nesse sepulcro um velho, sentado num trono, com uma tabuleta de esmeralda em que constava o texto da famosa Tábua de Esmeralda. Diante dele havia um livro que explicava os segredos da criação dos seres e a ciência das causas de todas as coisas. Esse relato teria eco mais tarde em Fama Fraternitatis.

A versão mais antiga da tábua de Esmeralda é em língua árabe e data do século VI.

  1. Ele é verdadeiro, sem mentira, certo e muito verídico.
  2. O que está em baixo é como o que está no alto; e o que está no alto é como o que está em baixo, para que se façam os milagres de uma só coisa.
  3. E como todas as coisas foram, e provieram de um, pela mediação de um, assim todas as coisas nasceram dessa coisa única, por adaptação.
  4. O Sol é o seu pai, a Lua sua mãe, o vento a carregou em seu ventre; a terra é sua ama-de-leite.
  5. O pai de todo o telesme de todo o mundo está aqui. Sua força ou potência é inteira.
  6. Se é convertida em terra.
  7. Separarás a terra do fogo, o sutil do denso, suavemente, com grande engenhosidade.
  8. Ele sobe da terra para o céu e mais uma vez desce à terra, e recebe a força das coisas superiores e inferiores. Terás por esse meio a glória de todo o mundo; e para isso toda obscuridade fugirá de ti.
  9. É a força potente com toda força; pois vencerá toda coisa sutil e penetrará toda coisa sólida.
  10. Assim foi o mundo criado.
  11. Deste serão e sairão admiráveis adaptações, cujo meio está aqui.
  12. Por isso fui chamado de Hermes Trimegisto, possuidor das três partes da filosofia de todo o mundo. O que eu disse da operação do Sol está realizado e perfeitamente cumprido.

Quem são os Grande s Homens??

Quem faz jus ao título de "grande homem"?
Não sei...

O homem inteligente?
Não basta ter inteligência para ser grande...

O homem poderoso?
Há poderosos mesquinhos...

O homem religioso?
Não basta qualquer forma de religião...

Podem todos esses homens possuir muita inteligência, muito poder, e muita religiosidade - e nem por isso são grandes homens.

Pode ser que lhes falte certo vigor e largueza, certa profundidade e plenitude, indispensáveis à verdadeira grandeza.

Podem os inteligentes, os poderosos, os virtuosos não ter a verdadeira liberdade de espírito...

Pode ser que as suas boas qualidades não tenham essa vasta e leve espontaneidade que caracteriza todas as coisas grandes.

Pode ser que a sua perfeição venha mesclada de um quê de acanhado e tímido, com algo de teatral e violento.

O grande homem é silenciosamente bom...

É genial - mas não exibe gênio...
É poderoso - mas não ostenta poder...
Socorre a todos - sem precipitação...
É puro - mas não vocifera contra os impuros...
Adora o que é sagrado - mas sem fanatismo...
Carrega fardos pesados - com leveza e sem gemido...
Domina - mas sem insolência...
É humilde - mas sem servilismo...
Fala a grandes distâncias - sem gritar...
Ama - sem se oferecer...
Faz bem a todos - antes que se perceba...

"Não quebra a cana fendida, nem apaga a mecha fumegante - nem se ouve o seu clamor nas ruas..."

Rasga caminhos novos - sem esmagar ninguém...

Abre largos espaços - sem arrombar portas...
Entra no coração humano - sem saber como...

Tudo isso faz o grande homem, porque é como o Sol - esse astro assaz poderoso para sustentar um sistema planetário, e assaz delicado para beijar uma pétala de flor...

Assim é, e assim age o homem verdadeiramente bom - porque é instrumento nas mãos de Deus...

Desse Deus de infinita potência - e de supremo amor...
 
Desse Deus cuja força governa a imensidade do cosmos - e cuja preciência sabe das fraquezas do homem...

O grande homem é, mais do que ninguém, imagem e semelhança de Deus...

Huberto Rodhen


Adeus, Alma Querida!

Adeus, alma querida 

"Se você ama alguma coisa, deixe-a livre. Se voltar, é sua. 

Se não voltar, nunca foi." 

Se, no caminho do teu Saara, encontrares uma alma que te queira bem, 

aceita em silêncio o suave ardor da sua benquerença, mas não lhe peças coisa alguma,

não exijas, não reclames nada do ente querido.

Recebe com amor o que com amor te é dado, 

e continua a servir com perfeita humildade e despretensão.  

Quanto mais querida te for uma alma, tanto menos a explores, 

tanto mais lhe serve, sem nada esperar em retribuição. 

No dia e na hora em que uma alma impuser a outra alma um dever, 

uma obrigação, começa a agonia do amor, da amizade. 

Só num clima de absoluta espontaneidade pode viver esta plantinha delicada. 

E quando então essa alma que te foi querida se afastar de ti, não a retenhas. 

Deixa que se vá em plena liberdade. 

Faze acompanhá-la dos anjos tutelares das tuas preces e saudades, 

para que em níveas asas a envolvam e de todo mal a defendam, 

mas não lhe peças que fique contigo. 

Mais amiga te será ela, em espontânea liberdade, longe de ti, 

do que em forçada escravidão, perto de ti. 

Deixa que ela siga os seus caminhos, 

ainda que esses caminhos a conduzam aos confins do Universo, 

à mais extrema distância do teu habitáculo corpóreo. 


Se entre essa alma e a tua existir afinidade espiritual, não há distância, 

não há em todo Universo espaço bastante grande que de ti possa alhear essa alma. 

Ainda que ela erguesse vôo e fixasse o seu tabernáculo para além das últimas praias do Sírio, 

para além das derradeiras fosforescência da Via Láctea, 

para além das mais longínquas nebulosas de mundos em formação, 

contigo estaria essa alma querida... 

Mas, se não vigorar afinidade espiritual entre ti e ela, 

poderá essa alma viver contigo sob o mesmo teto 

e contigo sentar-se à mesma mesa, 

não será tua, nem haverá entre vós verdadeira união e felicidade. 

Para o espírito a proximidade espiritual é tudo, 

a distância material não é nada. 

Compreende, ó homem/mulher, e vai para onde quiseres!

 Ama, e estarás sempre perto do ente amado...

 Em todo o Universo... 

Dentro de ti mesmo... 

(De Alma para Alma, Humberto Rohden)



Mais Visitados