A Lenda De Hiram

 A Lenda De Hiram 

 

 

Traduzido de: Revista Square

 

Estudiosos tentaram fixar a data (como se as datas importassem!) quando a Lenda de Hiram fez sua primeira aparição na Maçonaria.

Suas conclusões são mais negativas do que positivas, e nenhuma foi além do fato que a Lenda de Hiram está entre as mais antigas, pois está entre os mais queridos mitos da raça humana.

Pode-se concordar que as provas documentais não colocam até antes de 1725, no terceiro grau, a Lenda do mestre operário martirizado e ainda veem nela uma reformulação do drama da esperança do homem pela imortalidade.

Uma dúzia ou mais sugestões foram feitas por estudantes maçônicos sobre o que a lenda significa.

Alguns a tomam literalmente, ainda que o Velho Testamento não diga nada da morte daquele Hiram que Salomão tirou de Tiro, que "fez todo o seu trabalho".

Outros acreditam que ela  é outra maneira de contar a história de Ísis e Osíris – em si uma lenda que dificilmente poderia ter sido elaborada por algum padre inteligente, mas deve ter sido uma herança dos Hyksos, ou mesmo dos habitantes anteriores do Egito.

Fantasiosamente, alguns veem nela uma versão moderna da morte de Abel nas mãos de Caim, e, claro, milhares a visualizam como a morte e ressurreição do Homem da Galiléia.

Procure à vontade; você não vai encontrar nenhum relato da tragédia de Hiram Abif. Você pode aprender sobre Hiram, ou Huram. Se você se aprofundar em hebraico você aprenderá que "Abif" significa "seu pai" o que pode indicar um outro Hiram, um filho.

Estudiosos modernos traduzem Hiram Abif como "Hiram, meu pai", significando que um Hiram era admirado, venerado, tendo recebido um título de honra, como o pai de uma tribo, o pai de uma arte, o pai dos vasos sagrados do Templo.

Mas sobre os Três, sobre a  Tragédia e a Palavra Perdida, o Velho Testamento está em silêncio. Nem se encontrará na história secular ou qualquer relato do drama de Hiram.

Para achar a verdade, você deve mergulhar nos mitos e lendas e histórias de fadas nos quais nossa raça meio escondeu, meio  revelou, aquelas verdades que não se podem contar em palavras simples.


Existe um Papai Noel? Para a criança de seis anos sim. Para seus avós, o Papai Noel é um meio de dizer uma bela verdade em termos que as crianças possam entender.

A lenda é "verdade"? O que significa "verdade"? Se a tradução de "verdade" é "historicamente precisa", obviamente nem Papai Noel nem Hiram Abif são "verdadeiros".

Mas se "verdade" significa "conter uma grande verdade", então tanto o mito do Santo Yuletide quanto a Lenda do Mestre Construtor são verdadeiros no sentido mais real.

Elevados ao Grau Sublime, muitos homens enxergam na vida, na morte e na criação do Mestre apenas um drama literal, projetado para ensinar as virtudes da fortaleza e da fidelidade inflexível.

Para aqueles cujos ouvidos ouvem apenas a melodia e são surdos a harmonias, para aqueles cujos olhos estão tão cegos pelo pôr do sol que não veem as cores, isso é bom o suficiente.

No entanto, qualquer interpretação literal da lenda e da nossa cerimônia perderia a sua essência.

A Lenda de Hiram Abif é ao mesmo tempo a tragédia e a esperança do homem; é virtude derrubada pelo erro, pelo mal e pelo pecado, e reerguida novamente pela verdade, bondade e misericórdia.

É a história da ressurreição daquele "que carrega a afinidade mais próxima com essa inteligência suprema que permeia toda a natureza".

É a resposta a Jó. É ao mesmo tempo o início da lenda ainda mais sagrada – daquilo que foi perdido – e a garantia de que, por mais que demore, aquele que busca encontrará.

Quanto é o comprimento de uma corda? Uma pergunta boba! Pode ser respondida, facilmente, se pegarmos uma extremidade e medi-la para a outra.

Suponha que a corda tenha apenas uma ponta? Mais bobo e mais bobo! Mas se duas extremidades são verdadeiras para uma corda, elas são verdadeiras para o espaço, o tempo e a eternidade?

Se o tempo tem um começo, tem um final. Se o espaço começar em algum lugar, também haverá seu fim para ser encontrado. Se a eternidade tem um começo, então ela não é eterna!

Aqui está o choque, a surpresa, e a glória do terceiro grau.

Ela nos presenteia com a eternidade no meio da vida. Ela apaga os limites de nossas pequenas dimensões, nossas pequenas medidas do tempo, nossa pequena compreensão do espaço e nos mostra que entramos na eternidade, mas não no nascimento nem na morte.

Sempre estivemos na eternidade se, de fato, estamos nela. Hiram Abif estava reunido com seus pais quando o egoísmo e o pecado de homens equivocados o derrubaram. Mas eles eram impotentes contra a Pata do Leão e o poder da Maçonaria.

Cada um de nós nasce, vive sua curta vida e, vestindo seu pequeno avental branco, é colocado onde nossos antepassados estiveram antes de nós.

O drama de terceiro grau nos assegura que a vida desde o nascimento até a morte e incluindo ambos, é apenas um episódio, uma única nota na grande sinfonia.

 

A Lenda de Hiram é a glória da Maçonaria; a busca pelo que foi perdido é a glória da vida.

Nunca a encontraremos aqui. Você pode olhar através de um microscópio ou telescópio e não verá sua sombra.


Você pode viajar a muitas terras distantes e não a verá. Você ouvirá todas as palavras de todas as línguas que todos os homens já falaram e falarão – e a Palavra Perdida não é ouvida.

Se fosse apenas uma palavra, como é fácil inventar outra! Mas não é uma palavra, mas A Palavra, o grande segredo, o conhecimento que o Grande Arquiteto estabelece diante de seus filhos, um testamento à pista a seguir, um pote de ouro no final do arco-íris.

Não é para ser encontrada nesta vida, mas a busca por ela é a razão de toda a vida.

O Grau Sublime ensina que pode ser encontrado em outra vida. É por isso que é o Grau é Sublime.


Artigo por: Carl H. Claudy

Carl Harry Claudy (1879 - 1957) foi um escritor, articulista e jornalista norte-americano do New York Herald.
Sua associação com a Maçonaria começou em 1908, quando, aos 29 anos, ele foi exaltado mestre Mason na loja Harmony No. 17 em Washington, DC. Ele serviu como seu mestre em 1932 e eventualmente serviu como Grão-Mestre do Distrito de Columbia em 1943.
Sua carreira de escritor maçônico começou a sério quando ele se membro da Associação de Serviços Maçônicos em 1923, servindo como editor associado de sua revista, The master mason, até 1931. Sob sua liderança, a Associação de Serviços foi levada a um lugar de predominância através de sua autoria e distribuição do boletim que tornou seu nome familiar para praticamente todas as lojas do país.

Tradução: Paulo Maurício M. Magalhães

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