Unidade e Dualidade

Unidade e Dualidade

Traduzido e adaptado de: Square Magazine


Quando  realmente se olha para a natureza durante uma caminhada, por exemplo, ou assistindo à um documentário, vem um sentimento de absoluto temor e admiração à mera complexidade de tudo isso, 





à pura interconexão e inter-confiança de um elemento em outro. Em cada nível de detalhe, o universo funciona como um único inteiro harmonizado.
Nós humanos, no entanto, não vemos as coisas dessa maneira em nosso dia a dia. Tudo parece compartimentado e categorizado.

Isso é por uma boa razão, porque sem ser capaz de fazê-lo não poderíamos discernir a segurança do perigo, a comida de algo não comestível, eu mesmo dos outros. Em outras palavras, ver tudo através de uma lente de dualidade, onde existem opostos polares ad infinitum, nos permite diferenciar as coisas, separando o bem do mal.

Em nossas lojas, isso é notavelmente representado pelo piso mosaico. Esses quadrados preto e branco representam a grande variedade do mundo – claro e escuro, bonito e feio, bom e ruim, fácil e desafiador, para citar apenas alguns exemplos.

Nas palavras do ritual de emulação: "... Isso aponta a diversidade de objetos que decoram e enfeitam a criação, o animado, bem como as partes inanimadas."

No nosso dia-a-dia, sem sermos capazes de dar um passo para atrás e ver tudo como um todo conjunto, ficamos presos em um mundo de outros e de si mesmos (Self). Isso explica muitos dos problemas que enfrentamos hoje como espécie, onde a discriminação e a desunião estão por toda parte.

O mundo natural, onde os animais e plantas estão todos focados em suas preocupações cotidianas, sem perceber o padrão que mantém tudo junto, parece deixar uma pergunta sobre onde nós, como humanos, nos encaixamos em tudo isso. Ou mesmo se existe um padrão para nos encaixarmos. As Escrituras nos informam de uma época em que os humanos existiam em harmonia com o resto do mundo natural, em um verdadeiro paraíso chamado Éden.

Podemos ver essa história como alegórica, lançando o leitor para uma época em que a humanidade era mais simples, conactada à ordem natural, permanecendo inocente do quadro geral. Talvez, naqueles dias, os seres humanos fossem mais instintivos e sentissem conexões mais profundas com o mundo ao redor.

À medida que a história progride, há um ponto onde os personagens comem da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se olharmos para isso em termos de dualidade, no entanto, isso não poderia representar o conhecimento de opostos, do o positivo e o negativo? Na mesma tradição é contada como, após comer a fruta, o casal tomou conhecimento de si mesmos e de sua nudez. Eles se tornaram auto-conscientes; ou seja, enxergando a si mesmo como distinto do outro.

Talvez,  isso se aponte para um ponto profundo  de nossa história psicológica, onde nós, como raça, nos tornamos conceitualmente conscientes da noção de dualismo, e desde então isso definiu nossa realidade.  Um indivíduo está ciente de si mesmo como sendo sozinho em um mundo onde qualquer decisão errada pode causar danos duradouros; um mundo hostil e estranho para nós, e a proteção do conceito de  "eu e o meu" é primordial porque ninguém mais virá para nos salvar.

Não é à toa que notícias de ansiedade e problemas de saúde mental enchem tanto nossos ouvidos, nos dias de hoje.  Na era moderna, esse modo de ser é ainda mais exacerbado pelas mídias sociais, o que nos convence de que estamos vivendo em um mundo conectado, quando isso não poderia estar mais longe da verdade.

Estamos acelerando para o polo oposto à conexão, onde os freios não parecem estar funcionando adequadamente. As massas estão compartilhando nas redes sociais um sem número de ideias organizadas em bolhas e câmaras de eco, por algoritmos que literalmente não sabem o que estão fazendo.

O resultado final? Polarização crescente de opiniões. A visão dualista tem estado conosco ao redor das gerações e está rapidamente em ascensão. Dentro deste mar tempestuoso de batalha opinião e confusão, no entanto, há uma ilha chamada Maçonaria.

Enquanto a Ordem contém símbolos que denotam dualismo e a noção de opostos polares, a lenda apresentada ao condidato, leva o herói deste estado disperso e dissociado, para um estado de verdadeira unidade. O ápice deste conto nos ensina lições sobre a morte simbólica de si mesmo e a entrada em um estado de comunhão.

Esta fraternidade é o fio condutor em toda a Maçonaria; desde as calorosas boas-vindas que recebemos antes de entrar e uma vez que jásomos iniciados na Ordem, às lições de apoio mútuo e caridade, onde somos lembrados de que devemos exercer nossos talentos para beneficiar a humanidade e agir de forma caridosa quando a necessidade surgir.

Dentro de nossa Ordem, então, há o lembrete da verdadeira realidade que ilude nossa percepção de trabalho diária: que tudo está conectado das formas mais insondáveis e complexas. Uma mudança em uma parte de um sistema é sentida por todas as outras partes desse sistema. Dito de outra forma, nenhuma pessoa é uma ilha. Talvez o segredo mais importante que podemos ganhar aprendendo esta lição  é que todos nós temos um papel a desempenhar no mundo e na vida. Tudo o que fazemos é tanto o resultado do mundo inteiro sobre nós como o  mundo inteiro sendo o resultado de nossos próprios pensamentos e ações.


E assim, continuamos, circulando em torno de nosso vasto ecossistema. Emaranhados como estamos nesta teia de simbiose, podemos realmente aprender a encontrar e expressar nosso verdadeiro  propósito, se apenas acarmarmos nossas mentes e observarmos.

Nisso há fé e esperança.


ARTIGO POR: Craig Weightman



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