MAÇONARIA E FELICIDADE

 MAÇONARIA E FELICIDADE 

Inspirado em um texto de Marshall Kern - Loja Victoria No. 56  



A ideia de felicidade como um objetivo em si mesma entrou recentemente em nossa cultura através de livros, artigos de revistas e pesquisas acadêmicas.
No dicionário, felicidade é a qualidade ou estado de ser feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar. Immanuel Kant (1724/1804), na obra “Crítica da razão prática” definiu a felicidade como “a condição do ser racional no mundo, para quem, ao longo da vida, tudo acontece de acordo com o seu desejo e vontade”.

Segundo a psicologia positiva, a felicidade é um estado de plenitude que contém 5 elementos: Emoções Positivas, Engajamento, Relacionamentos Positivos, Propósito de Vida e Conquista.

Desde a Segunda Guerra Mundial, uma empresa de pesquisa nos Estados Unidos perguntou aos americanos: "vocês estão felizes?". Eles descobriram que as pessoas eram mais felizes na década de 1950. O rei do Butão, o último reino budista dos Himalaias, levou os líderes das Nações Unidas a se reunirem no início de abril de 2012 para falar sobre a sustentabilidade do mundo e a necessidade de um Índice de Felicidade Nacional Bruta para complementar os índices econômicos.

O êxito do Butão na busca da felicidade de sua população, parece ter produzido benefícios para a sociedade. Embora a maioria das pessoas neste pequeno país atue na agricultura de subsistência, eles têm o que eles precisam – comida na mesa e cuidados de saúde universais – e se recusaram a ganhar dinheiro com empreendimentos comerciais que possam comprometer a saúde e a beleza de seu ambiente e sua igualdade de existência.

Estudos recentes que medem a felicidade humana fazem algumas observações interessantes. Uma delas é que as relações humanas são consistentemente consideradas a correlação mais importante com a felicidade. De fato, a felicidade tende a se espalhar através de relacionamentos próximos com amigos, irmãos, cônjuges e vizinhos. Foi o comediante Groucho Marx que disse: "Todas as manhãs, quando abro os olhos, digo a mim mesmo: eu, e não os acontecimentos, tem o poder de me fazer mais ou menos feliz hoje".

Pode-se pensar que a felicidade seria um algo rastreável da Maçonaria desde às primeiras referências até o presente. Afinal, quando um grupo de homens de bons costumes e mentalidade semelhante se reúne, como poderia deixar de haver bons momentos compartilhados e uma melhora de ânimos? Se tomarmos a definição psicológica acima, a Maçonaria influencia no engajamento, nos relacionamentos e no propósito. Mas como isso é tratado em nossos trabalhos?

A felicidade não é explicada na Enciclopédia da Maçonaria. Nem termos como "alegria", nem "contentamento". Tampouco há uma descrição da felicidade no livro seminal “O Significado da Maçonaria”, de W.L. Wilmhurst. Nem é dada à felicidade um lugar no livro “Maçonaria Definida” de Johnston. A expressão felicidade é encontrada no “Monitor de Richardson”, publicado nos Estados Unidos em 1860. Mas dentro dessas páginas antigas, ela é encontrada apenas com referência à Instalação de um novo Venerável Mestre.

No entanto, é óbvio para todo maçom ativo que a felicidade repousa dentro de nossas Lojas e dentro de nossa Fraternidade. Então, onde em nosso trabalho há uma menção de felicidade? Ao abrir no primeiro grau, o Venerável Mestre invoca uma bênção; pedindo que o que fazemos seja conduzido em paz e encerrado em harmonia (fala ritualística no Rito de York, N do T). Então, ao fechar no primeiro grau, o Past Master afirma que estamos prestes a encerrar este trabalho em um clima de amizade e amor fraterno.

Certamente, deve haver felicidade em tal lugar. O Aprendiz é informado durante o “compromisso do Avental” que, se ele tiver uma disputa com um irmão, ele deve resolvê-la harmonicamente, e depois ele pode desfrutar de harmonia na Loja. E na explicação das ferramentas de trabalho, o Aprendiz é informado de que com essas ferramentas ele pode "estabelecer a felicidade nos caminhos da ciência".

Ao longo do ritual, há muitas menções de palavras e pensamentos sinônimos de felicidade: harmonia, amizade, amor fraterno, alegria social e prazer. As referências mais claras à felicidade estão na cerimônia anual de instalação e investidura. O Venerável Mestre recém-empossado assume um compromisso, no qual é lembrado que, como Aprendiz, ele aprendeu sobre caridade. Agora é-lhe dito que "a felicidade dos irmãos será geralmente promovida na proporção do zelo e assiduidade com que ele promulgar os genuínos fundamentos e princípios da fraternidade". Pouco depois, o novo Venerável Mestre é informado de que, cumprindo seus deveres com honra e dedicação, ele preparará para si uma "coroa de alegria e regozijo".

Então, no final da cerimônia, há algo que é exclusivo da Grande Loja de Ontário no Canadá, o juramento geral de todos no final da cerimônia de instalação e investidura de oficiais. A primeira referência é: "Eu confio que devemos ter apenas um objetivo, agradar uns aos outros e nos unir no grande desígnio de ser feliz e comunicar felicidade". Isso fazia parte do texto original em inglês da Cerimônia de Instalação de 1723. Também é semelhante ao texto encontrado no Monitor de Richardson.

Depois disso, há uma descrição de como devemos nos comportar enquanto estamos na Loja, concluindo com estas palavras: "Então teremos obtido o ponto principal da Maçonaria, a saber, esforçar-nos para sermos felizes nós mesmos e comunicarmos essa felicidade aos outros".

Quão importante é a felicidade? Acadêmicos e comentaristas contemporâneos veem a felicidade tanto como resultado de viver bem, quanto como um objetivo a ser alcançado perseverando através de atividades específicas. Estudos científicos têm descoberto que a felicidade pode tornar nossos corações mais saudáveis, nosso sistema imunológico mais forte e nossa vida mais longa.

Mas como a Maçonaria pode ajudar na busca da felicidade? Ora trabalhando o Homem para que ele seja “de bons costumes” já se alcançam muitos dos quesitos de busca da felicidade. Um Homem justo tem um propósito. Um homem reto está engajado em seus objetivos e na sociedade. Um homem fraterno constrói relações pessoais positivas. Um Homem que crê no GADU cuidará da natureza e de seu próprio corpo.

Enfim o fato é que não existe mágica; o grande segredo para a felicidade dentro da maçonaria está na prática efetiva dos princípios maçônicos. Em ter estes princípios não como uma proposição filosófica interessante, mas como um real guia de suas atitudes e condutas em todos os campos da vida.
E, talvez o ponto mais importante de todos, seja lembrar que aquele que já está feliz, vive em um estado de espírito e uma realidade em que ele simplesmente aceita como dada, mas que para que esta felicidade efetivamente dure no tempo, ela tem que ser prontamente compartilhada.

Assim, cabe a nós compartilhar a felicidade dentro de nossa Fraternidade e no mundo.


A felicidade se asfixia na solidão, mas se multiplica na multidão!


Autor: Paulo Maurício M. Magalhães - MRA FRC

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