O Dilema do REAA

 O Dilema do REAA




Recentemente ministrei uma palestra sobre a história do REAA (quem quiser ver temos a parte 1 e a parte 2 nestes links) e quando mencionei as iniciações teatralizadas do Supremo conselho sul dos EUA o fato causou muita duvida e polêmica.

Aproveitando a deixa, reproduzo aqui um artigo do Irmão Kennyo Ismail autor do Livro Ordem Sobre o Caos que explana magistralmente sobre o REAA. Indico veementemente esta obra! Ao Irmão Kennyo o agradecimento e todo o crédito sobre o artigo abaixo

Reproduzido de Freemason.pt


Breve Introdução Histórica


Havia poucos anos que o Rito de Heredom tinha desembarcado nos EUA, com os seus 22 Altos Graus, e conquistado algumas centenas de maçons. Com a iniciativa dos chamados 11 cavalheiros de Charleston, na Carolina do Sul, este Rito ganhou mais 7 graus filosóficos e 1 grau honorífico. Surge então, em Maio de 1801, o Supremo Conselho “Mãe do Mundo”, administrando um sistema de 30 Altos Graus, denominado “Rito Escocês Antigo e Aceito”. Rapidamente esta iniciativa foi copiada em outros países, dando origem a outros Supremos Conselhos (COIL & BROWN, 1961).

Por mais de 50 anos, o hoje conhecido como Supremo Conselho do Rito Escocês da Jurisdição Sul dos EUA batalhou para consolidar o Rito Escocês nos Estados
sob sua jurisdição, sem alcançar muito sucesso. Em Março de 1853, Albert Mackey conseguiu convencer um já célebre maçom na época, Albert Pike, a viajar do Arkansas até Charleston para receber do 4° ao 32° grau. Pike, então com um pouco mais de 10 anos de Maçonaria, um Maçom do Real Arco e um Cavaleiro Templário no Rito de York, já se destacava no meio maçónico pela sua inteligência e cultura geral, e poderia ajudar o Supremo Conselho a consolidar o Rito Escocês em Arkansas e região (HODAPP, 2005).

A estratégia teve êxito e Pike abraçou o desafio de colaborar para com o desenvolvimento do Rito Escocês, ainda visto por muitos maçons da época como um sistema recente e estrangeiro, em contraste como o Rito de York, tido como antigo e norte-americano. Não demorou para que Pike fosse incumbido de organizar os rituais do Rito Escocês, em 1855, trabalho esse que ele realizou em tempo considerado recorde: um pouco mais de 2 anos, tendo concluído em 1857 (HOYOS, 2009). O seu trabalho foi considerado excelente, porém polémico demais para ser aprovado. Foi a ele solicitado que refizesse o estudo, adoptando uma postura mais moderada. Mesmo não aprovado, este trabalho inicial garantiu a Pike a sua investidura no 33° grau, em 1858, e, no ano seguinte, o mesmo foi eleito Soberano Grande Comendador, em 1859.

A guerra civil norte-americana interrompeu a evolução do seu trabalho de revisão, assim como a mudança do Supremo Conselho para Washington, DC, em 1870. No ano seguinte, em 1871, Albert Pike publica o seu livro “Moral e Dogma”, com as suas lectures, resultantes dos seus estudos sobre cada grau do Rito Escocês (COIL & BROWN, 1961). Mas apenas em 1884 a revisão foi oficialmente concluída e aprovada. A implementação foi imediata e os rituais também foram concedidos a outros Supremos Conselhos, que sofriam do mesmo problema inicial de rituais incoerentes e inconsistentes.

 

O Problema e a Solução

Liturgicamente, os novos rituais foram um sucesso, solucionando a questão da desorganização ritualística. Porém, administrativamente o resultado não foi o esperado. A liderança e renome de Albert Pike, assim como a mudança do Supremo Conselho para a Capital do país, tinha colaborado para o crescimento do Rito Escocês, mas ainda assim apresentando um crescimento tímido, distante da dimensão da maçonaria simbólica.

Consultas foram feitas à base e a resposta veio, literalmente, a galope. Os rituais eram considerados muito complexos e os praticantes acabavam demasiadamente presos na ritualística, em detrimento do conteúdo alegórico e dos seus ensinamentos morais e espirituais. A reação do Supremo Conselho veio sob medida: a transformação dos graus em “peças de teatro”, abrindo mão da ritualística em prol da apresentação dramática dos seus conteúdos alegóricos. Os templos foram substituídos por teatros e auditórios e os oficiais transformaram-se em atores amadores (DUMENIL, 1984).

É evidente que as críticas foram muitas, alegando o abandono dos costumes maçónicos, a profanação do conteúdo, a comercialização vazia dos graus, e o fim da meritocracia pela assiduidade e dedicação. Porém, surgiu uma multidão de Mestres Maçons interessados pelo “entretenimento maçónico”. Se em 1850, um pouco antes do ingresso de Albert Pike, o Supremo Conselho contava apenas com um pouco mais de 1.000 adeptos, e em 1890, após a publicação dos rituais revisados por Albert Pike, este número ultrapassou a marca de 10.000 adeptos, em 1930 esse número já era superior a 500.000 membros (BULLOCK, 1996). As encenações do Rito Escocês eram um verdadeiro sucesso. Mas o preço do sucesso era claro: enquanto a escalada dos 29 graus, do 4° ao 32°, costumava demorar alguns anos para grupos de algumas poucas dezenas de membros, passou a ser realizado em 3 a 4 dias para grupos de várias centenas, algumas vezes superior a 1.000 membros (CLAWSON, 2007).

Além do número de membros e, logicamente, das cifras, o novo modelo do Rito Escocês tinha trazido uma única melhoria: as fantasias. Antes simples e artesanais, a revolução do Rito Escocês nos EUA fez surgir vários catálogos de peças exuberantes e cheias de requinte e riqueza de detalhes. Tanto dinheiro precisava ser empregado de alguma forma, e os “Vales” trataram de investir em benefício dos seus membros, construindo edifícios com salões de festa, bibliotecas, salas de jogos e teatros ainda mais sumptuosos (FOX, 1997). Na primeira metade do século XX, os Vales do Supremo Conselho Jurisdição Sul dos EUA trataram de construir e equipar teatros que se destacaram, e alguns ainda se destacam, entre os melhores daquele país.

Porém, todo este desenvolvimento não mudou o facto, até hoje alvo de críticas, de que os iniciados, de protagonistas que participavam ativamente das provas dos rituais e eram investidos com toques, sinais, palavras e com as jóias dos graus, passaram a ser simples espectadores, passivos perante o processo dramático e podados do processo iniciático. Tal aspecto explicita a razão pela qual o Rito Escocês nos EUA passou a ser chamado por muitos intelectuais maçons de “entretenimento maçónico”, e o seu formato teatral foi inicialmente acusado de ser uma ameaça à moral e filosofia maçónicas (O’DONNEL, 1906; KNOW, 1907).

Por outro lado, não faltaram defensores do modelo de encenação maçónica no Rito Escocês, argumentando que a dramatização, quando bem feita, colabora para uma melhor compreensão e relação emocional com as lições ensinadas (SARGENT, 1907). Cientes disso, os Grandes Inspectores dos Vales criaram estruturas de teatros profissionais, com diretores, auxiliares de palco, técnicos de som e iluminação e dezenas de atores, todos maçons. Eles ensaiam exaustivamente e, em muitos dos Vales, os atores principais recebem cuidados especiais, como se estivessem na Broadway.

Conclusão


O modelo teatral adoptado pelo Supremo Conselho do Rito Escocês da Jurisdição Sul dos EUA tem sido praticado há mais de 100 anos. A sua redução no prazo de concessão dos graus acabou por influenciar as Grandes Lojas norte-americanas, que também passaram a conceder os três graus simbólicos em períodos de poucos dias. Sem entrar na discussão dos seus aspectos morais, facto é que tal formato colaborou para a concentração de quase 2/3 dos maçons do mundo em solo norte-americano.

Apesar deste desenvolvimento excepcional, outros Supremos Conselhos espalhados pelo mundo não optaram por adoptar tal estratégia, provavelmente pelas questões morais e filosóficas em discussão. Para se ter uma melhor compreensão da diferença entre estas duas realidades distintas, enquanto nos EUA um Mestre Maçom alcança o 32° grau em menos de um mês e pagando uma taxa inferior a US$300,00; no Brasil, por exemplo, um Mestre Maçom alcança o 32° grau após mais de quatro anos de dedicação e um investimento superior a R$3.000,00.

Porém, é importante realçar que aqueles que optaram pelo modelo ritualístico tradicional continuam convivendo com o problema original: rituais complexos, algumas vezes incoerentes, e que tiram o foco do conteúdo em nome da forma. Talvez a solução norte-americana não seja ideal como uma solução substituta, mas sim como uma solução complementar. As peças de teatro poderiam reforçar nos maçons os conteúdos alegóricos de cunho moral e espiritual que costumam ficar em segundo plano no modelo convencional. Seria algo logicamente mais trabalhoso, porém, também mais eficiente no que tange a formação do maçom adepto do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Kennyo Ismail

Publicado originalmente na Revista Fraternitas in Praxis




Bibliografia

·         BULLOCK, Steven C. Revolutionary Brotherhood: Freemasonry and the Transformation of the American Social Order, 1730-1840. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1996, pp. 239-273.

·         CLAWSON, Mary Ann. Masculinity, Consumption and the Transformation of Scottish Rite Freemasonry in the Turn-of-the-Century United States. Gender & History,19, No.1, 2007, pp. 101-121.

·         COIL, Henry Wilson; BROWN, William Moseley. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy, 1961.

·         DUMENIL, Lynn. Freemasonry and American Culture, 1880-1930. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1984.

·         FOX, William L. Lodge of the Double-Headed Eagle: Two Centuries of Scottish Rite Freemasonry in Ameri ca’s Southern Jurisdiction. Fayetteville: University of Arkansas Press, 1997, pp. 146-1477.

·         HODAPP, Christopher. Freemasons for Dummies. Hoboken, New Jersey: Wiley Publishing Inc., 2005.

·         HOYOS, Arturo. Scottish Rite Ritual Monitor and Guide 2d ed. Washington, D.C.: Supreme Council, 33°, S.J., 2009.

·         KNOX, William. What Excuse? The New Age Magazine,

·         O’DONNELL, Francis H. E. Philosophy and the Drama in Freemasonry. The New Age Magazine, 1906.

·         SARGENT, Epes W. Detail and the Drama of the The New Age Magazine, 1907, pp. 175-177.









As colunas vestibulares

Os Dois Pilares


Tradução da Revista O Esquadro



 O rei Salomão enviara mensageiros a Tiro e trouxera Hiram, filho de uma viúva da tribo de Naftali e de um cidadão de Tiro, artífice em bronze. Hiram era extremamente hábil e experiente e sabia fazer todo tipo de trabalho em bronze. Apresentou-se ao rei Salomão e fez depois todo o trabalho que lhe foi designado. Ele fundiu duas colunas de bronze, cada uma com oito metros e dez centímetros de altura e cinco metros e quarenta centímetros de circunferência, medidas pelo fio apropriado. Também fez dois capitéis de bronze fundido para colocar no alto das colunas; cada capitel tinha dois metros e vinte e cinco centímetros de altura. Conjuntos de correntes entrelaçadas ornamentavam os capitéis no alto das colunas, sete em cada capitel. Fez também romãs em duas fileiras que circundavam cada conjunto de correntes para cobrir os capitéis no alto das colunas. Fez o mesmo com cada capitel. Os capitéis no alto das colunas do pórtico tinham o formato de lírios, com um metro e oitenta centímetros de altura. Nos capitéis das duas colunas, acima da parte que tinha formato de taça, perto do conjunto de correntes, havia duzentas romãs enfileiradas ao redor. Ele levantou as colunas na frente do pórtico do templo. Deu o nome de Jaquim à coluna ao sul e de Boaz à coluna ao norte. Os capitéis no alto tinham a forma de lírios. E assim completou-se o trabalho das colunas.

– I Reis 7, 13-22.

 

 

Também ele fez em frente ao templo dois pilares de trinta e cinco cubitos de altura, e o capitel que estava no topo de cada um deles era cinco cubitos.

E ele fez correntes, como no oráculo, e colocou-as na cabeça dos pilares e fez cem romãs e as colocou nas correntes.

– II Crônicas iii, 15-16

 

 

Desde o início da religião, o pilar, monolito ou construído, tem desempenhado um papel importante na adoração daquilo que é invisível.

Desde as enormes rochas de Stonehenge, entre as quais os druidas deveriam ter realizado seus ritos, através de templos da Índia Oriental até a religião do Antigo Egito, os estudiosos traçam o uso de pilares como parte essencial da adoração religiosa; de fato, no Egito o obelisco representava a própria presença do Deus Sol.


Não é estranho, então, que Hiram de Tiro deva erguer pilares para o Templo de Salomão. O que tem parecido estranho é a variação nas dimensões dadas em Reis e Crônicas; uma discrepância que é explicada pela teoria de que Reis dá a altura de um e Crônicas de ambos os pilares juntos.

Não exploraremos a explicação ritualística dos dois pilares pois já consta de nossas instruções.

Mas seu significado simbólico interior, não tocado no ritual, é uma das belezas escondidas da Maçonaria deixada para cada irmão caçar por si mesmo. Das muitas interpretações dos Pilares de bronze, duas são aqui selecionadas como vívidas e importantes.


Os antigos acreditavam que a terra era plana e que era apoiada por dois Pilares de Deus, colocados na entrada ocidental do mundo como então se sabia.

Estes são agora chamados Gibraltar, de um lado do Estreito, e Ceuta do outro.


Isso pode explicar a origem dos pilares gêmeos. No entanto, esta pode ser a prática de erguer colunas na entrada de um edifício dedicado à adoração predominante no Egito e Fenícia, e na construção do Templo do Rei Salomão os Pilares de bronze foram colocados no vestíbulo deles. 

Alguns escritores sugeriram que eles representam os elementos masculinos e femininos na natureza; outros, que eles defendem a autoridade da Igreja e do Estado, porque em ocasiões declaradas o sumo sacerdote estava diante de um pilar e o rei diante do outro.

Alguns estudantes pensam que fazem alusão aos dois pilares lendários de Enoque, sobre os quais (a tradição nos informa), toda a sabedoria do mundo antigo foi inscrita a fim de preservá-lo de inundações e conflagrações.

William Preston supunha que, por eles, Salomão tinha referência aos pilares de nuvem e fogo que guiavam os filhos de Israel para longe da escravidão e até a Terra Prometida.

Se diz que uma tradução literal de seus nomes seria: "Em Ti é força", e, "Deve ser estabelecida", e por uma transposição natural poderia ser assim expressa:


"Oh, Senhor, Tu é todo-poderoso e o teu poder está estabelecido do eterno ao eterno."

 

É impossível escapar da convicção de que estão relacionados à religião, e representam a força e a estabilidade, a perpetuidade e a providência de Deus, e na Maçonaria são símbolos de uma fé viva.


A fé não pode ser definida. Os fatores de importação mais poderosos não podem ser pegos na fala. A vida é o fato primário do qual estamos conscientes, e ainda não há linguagem pela qual ela possa ser cercada.

Nenhuma medida pode ser feita do amor de uma mãe; é mais profundo do que palavras e se observa em pequenas coisas comuns uma riqueza que é mais do que ouro.

Embora não possamos definir, podemos reconhecer o poder da fé. Gera movimento. É a energia de personagens elevados e espíritos nobres, a fonte de tudo o que carrega a impressão da grandeza.

E podemos perceber sua necessidade. Sem fé seria impossível criar.

 

"Ela atravessa a terra com ferrovias, e corta o mar com navios.

Ela dá asas para o homem voar o ar, e barbatanas para nadar nas profundezas. Cria a harmonia da música e o zumbido das rodas de fábrica.

Ela atrai o homem para os anjos e traz o céu para a terra.”

 

Por ela, toda a relação humana está condicionada. Devemos ter fé nas instituições e ideais, fé na amizade, na família, fé em si mesmo, fé no homem e fé em Deus. A maçonaria é a mais antiga, a maior e a mais amplamente distribuída Ordem fraternal na face da terra em razão de sua fé em Deus. Em uma parte das instruções de companheiro estão os Dois Pilares de bronze – um símbolo dessa fé; em seu outro extremo está a Letra "G", um sinal vivo da mesma crença.

Mas há outra interpretação do simbolismo.

O Aprendiz em processo de elevação para o grau de companheiro passa entre os pilares. Nenhuma dica é dada que ele deve passar mais perto de um do que do outro, mas nenhuma sugestão é feita de que ambos podem trabalhar uma influência diferente do que o outro. Ele apenas passa entre.

Um significado profundo está nessa omissão. Maçons referem-se à promessa de Deus a Davi; os interessados podem ler o Capítulo 7 de II Samuel, e perceber que o estabelecimento prometido pelo Senhor era o de uma casa, uma família, uma linhagem para Davi para seus filhos e filhos de seus filhos.

Os pilares foram nomeados por Hiram Abif; esses nomes têm muitas traduções. Força e estabelecimento são apenas dois; poder, sabedoria ou controle, também se encaixam no significado das palavras.

Usado para explodir tocos de campos, a dinamite é uma ajuda para o fazendeiro. Usado na guerra, mata e mutila. Fogo cozinha nossa comida e faz vapor para nossos motores; o fogo também queima nossas casas e destrói nossas florestas.

Então não é o poder, mas o uso do poder que é bom ou ruim.

A verdade se aplica a qualquer poder; espiritual, legal, monárquio, político, pessoal. O poder é isento de virtude ou vício; o usuário pode usá-lo bem ou mal, como quiser.

A maçonaria passa o irmão na elevação entre o pilar da força – poder; e o pilar do estabelecimento – escolha ou controle. Ele é um homem agora e não uma criança. Ele cresceu maçonicamente. Diante dele estão postados os dois grandes fatores para todo o sucesso, toda a grandeza, toda a felicidade. Como qualquer outro poder – temporal ou físico, religioso ou espiritual – a maçonaria pode ser usada bem ou mal.

Aqui está a lição; se ele como Davi construir seu reinado de masculinidade maçônica estabelecido em força, ele deve passar entre os pilares com a compreensão de que o poder sem controle é inútil, e controle sem poder, fútil.

Cada um é um complemento do outro; na passagem entre os pilares, o companheiro ao passar pela escada em caracol, são dadas a ele (se tiver olhos para ver e ouvidos para ouvir) instruções secretas sobre como ele deve subir as escadas para que ele possa, de fato, chegar à Câmara do Meio.

Ele deve escalar por força, mas dirigido pela sabedoria; ele deve progredir pelo poder, mas guiado pelo controle; ele deve subir pelo poder que está nele, mas chegar pela sabedoria de seu coração.

Assim, os pilares se tornam símbolos de alto valor, o antigo iniciado via no obelisco o próprio espírito do Deus que ele adorava.

O iniciado maçônico moderno pode ver neles tanto a fé quanto os meios pelos quais pode ir mais além,  mais alto em direção à Câmara do Meio de sua própria  da vida em que habita a Presença Invisível.

Artigo por: Carl H. Claudy

Tradução Paulo Maurício M. Magalhães


Carl Harry Claudy (1879 - 1957)

Foi um escritor de revistas e jornalista do New York Herald.

Sua associação com a Maçonaria começou em 1908, quando, aos 29 anos, ele foi exaltado mestre Maçon na loja Harmony No. 17 em Washington, DC. Ele serviu como seu mestre em 1932 e eventualmente serviu como Grão-Mestre no Distrito da Columbia em 1943.

Sua carreira de escritor maçônico começou  quando ele se tornou membro da  Associação de Serviços Maçônicos em 1923, servindo como editor associado de sua revista, “The master mason”, até 1931.

Sob sua liderança, a Associação de Serviços foi levada a um lugar de predominância através de sua autoria e distribuição do boletim que tornou seu nome familiar para praticamente todas as lojas do país.


Dia das Bruxas- Origens , tradições e a Maçonaria.

 Dia das Bruxas- Origens , tradições e a Maçonaria.


Traduzido de Universal freemasonry


Contemporaneamente conhecido como um tempo de medo, mistério, escuridão e alegria macabra, a maioria de nós está pelo menos superficialmente ciente de que o Halloween tem suas origens na antiga tradição pagã e que é o início de um festival sagrado de três dias adaptado posteriormente por a igreja, como parte de sua estratégia de absorção e remarcação das tradições pagãs para adotar os europeus do norte no rebanho. Vamos mergulhar e dar uma olhada na história do festival de três dias de Allhallowtide, e sua possível conexão com os objetivos e princípios da Maçonaria.

O inverno está chegando

Para europeus pré-cristãos, como os celtas e várias tribos germânicas e escandinavas, nosso moderno 1º de novembro marcou o início do fim da colheita e o início do novo ano. Também representando o início da escuridão à medida que a estação mudava para dias cada vez mais curtos, particularmente na véspera do ano novo, Samhain (pronuncia-se souin, irlandês antigo para "fim do verão") ou Halloween moderno, era visto como um momento em que os véus entre o mundo espiritual e o mundano são particularmente tênues, permitindo o contato espiritual, a obsessão, bem como a adivinhação aprimorada e as oportunidades oraculares entre os druidas semelhantes a sacerdotes.


É importante notar que esta tradição, particularmente no que se refere ao retorno dos espíritos dos mortos durante este tempo, não é exclusivamente europeia; na verdade, o Halloween existe em várias formas em todo o mundo. A crença de que os espíritos devem ser apaziguados de alguma forma também é comum.

Por exemplo, Día de Muertos no México, na verdade, não se origina puramente de seus conquistadores católicos, mas na verdade tem origens na cultura asteca pré-colombiana e em outras culturas. O Hungry Ghost Festival of China também é um correlato, com as pessoas acreditando que os espíritos dos mortos ficam com fome e devem ser alimentados com oferendas, durante esta época do ano.

Particularmente no mundo anglo-céltico na Grã-Bretanha antiga, as atividades relacionadas à adivinhação formavam a maior parte das celebrações, provavelmente devido às suas origens druidas. Isso incluía vários tipos de vidência, interpretação de sonhos e também rituais de proteção e purificação. As primeiras origens das doçuras ou travessuras também eram praticadas, com os celebrantes se fantasiando de mortos, indo simbolicamente de casa em casa e coletando ofertas em seu nome.


A cristianização

Os dias seguintes do Dia de Todos os Santos e do Dia de Finados (1 a 2 de novembro) foram uma adição totalmente cristã, embora tivessem correlatos pagãos, simplesmente não nesses dias em particular. O festival pagão que corresponde ao Dia de Finados, por exemplo, ocorria originalmente no início de maio. Foram dias de festa e celebração dos santos e tradições da Igreja Católica.

Como você deve saber, a Igreja Católica Romana frequentemente coexistia com tradições pagãs e até mesmo adotava elementos delas para atrair e converter os residentes pagãos de qualquer região. O festival de Samhain não é exceção, e no mundo cristão tornou-se a véspera das festas de 3 dias de Allhallowtide. Algumas das tradições do Samhain foram adotadas com novos significados cristãos, como pedir "doces ou travessuras" “soulcakes”, destinados a celebrar os mortos batizados, ou também orar e deixar oferendas nos túmulos dos mortos. 


Significado oculto

É impossível considerar o significado simbólico do Halloween sem associá-lo à sombra, aos aspectos do self que foram rejeitados pela luz da consciência e, portanto, habitam as trevas do inconsciente, assumindo vida própria e ocasionalmente vindo para nos assombrar(segundo a teoria Junguiana). À medida que as antigas tradições se concentravam nos mortos gradualmente se transformavam ao longo do tempo em várias bruxas, vampiros e outros monstros, as figuras proeminentes e os símbolos do Halloween passaram a ser várias manifestações de aspectos sombrios da psique.

O lobisomem, por exemplo, é uma representação de nosso eu selvagem e bestial, particularmente

aqueles aspectos que ficam escondidos durante o dia, mas surgem à noite. A bruxa é naturalmente os poderes femininos de intuição e magia( a ânima de Jung), distorcidos e nodosos em sua rejeição do mundo consensual dominado pelos homens da luz do dia. Vampiros são os aspectos parasitas e predatórios do eu, particularmente quando ele está desconectado de sua própria força vital natural, que naturalmente queima se for tocada pela luz do dia. Frankenstein pode ser visto simbolicamente como o monstruoso alter-ego criado pelo intelecto em sua rejeição dos mistérios da feminilidade, do espírito, da emoção e da necessidade de relacionamento humano.

Nossa vontade de celebrar, vestir-se e assim incorporar esses elementos de sombra, então, pode ser vista como uma maneira de enfrentar e abraçar esses vários aspectos negligenciados ou rejeitados de nós mesmos, e assim transformá-los com a Luz da consciência. Compreender seu significado simbólico é o próximo passo, além de simplesmente se deleitar com suas histórias assustadoras e estética macabra. Assim, embora os dois não estejam frequentemente conectados, podemos encontrar no Halloween o sagrado princípio maçônico, das trevas à luz.

Autor: JONATHAN DINSMORE

Tradução: Paulo Maurício M. Magalhães




O QUE VEDANTA TEM A VER COM A MAÇONARIA?

 SÁBIOS ORIENTAIS, SEGREDOS OCIDENTAIS: O QUE VEDANTA TEM A VER COM A MAÇONARIA?


Traduzido de Universal Freemasonry


Como um homem com os olhos vendados e levado por ladrões de seu próprio país, é a condição do ser humano. Com o pano sobre os olhos removidas por um amigo, ele recupera o uso dos olhos e vai lentamente voltando para casa, passo a passo, indagando em cada etapa. Da mesma forma, o bom professor instrui o buscador da verdade e o ajuda a desatar os laços do desejo. 

Do Chandogya Upanishad 6: 14: 1/3


Como um jovem buscador da Verdade, descobri a sabedoria do Oriente muito antes de encontrar a sabedoria oculta do Ocidente. Depois que me afastei da religião exotérica de minha criação e abracei brevemente a ortodoxia alternativa do cientificismo materialista niilista, comecei a buscar verdades além do cansativo antagonismo do debate "religião versus ciência", e não demorou muito para que eu encontrasse o Bhagavad Gita, o taoísmo, os ensinamentos budistas e intérpretes ocidentais como Alan Watts e Ram Dass. De todas as tradições orientais, a filosofia vedântica (enraizada nos Vedas, Upanishads e textos relacionados) influenciou minha visão de mundo mais do que qualquer outro sistema de pensamento.

Agora, como um recém-chegado à tradição de sabedoria ocidental da Maçonaria e, até certo ponto, também Teosofia, Alquimia e Hermeticismo, fico impressionado com a semelhança em essência, mas diferente na expressão, entre Oriente e Ocidente. Embora eu ainda tenha muito que aprender, sinto que a única grande Verdade, descrita por Aldous Huxley como a Filosofia Perene, é fundamentalmente a mesma nas tradições ocidentais e orientais, mas está revestida de segredo e simbolismo, e de algumas maneiras enfatiza certos valores em detrimento de outros. O contraste entre Oriente e Ocidente é particularmente interessante para mim, pois eles são duas metades da mente coletiva da humanidade, assim como representam dois pólos em nosso globo.


Portadores da tocha do Oriente

Para começar, podemos ter quase certeza de que a conexão entre o Oriente e o Ocidente remonta pelo menos a toda a história ocidental, como a conhecemos. A história dos grandes filósofos ocidentais também é em parte uma história daqueles que viajaram para o Oriente, aprenderam e voltaram com novos insights que tiveram que ser revestidos e expressos na visão de mundo predominante de qualquer cultura ocidental para a qual eles estavam retornando, a fim de ser compreendido e aceito; mesmo assim, eles eram frequentemente rejeitados, às vezes com violência. Portadores da tocha que carregam luz do Oriente são notoriamente perseguidos em seu retorno ao Ocidente, e muitas vezes encontram um fim horrível.

Alguns pensam que ninguém menos que Jesus de Nazaré é um exemplo, embora esta ainda seja uma teoria altamente controversa, com evidências inconclusivas de que ele visitou o Oriente durante seus "anos perdidos". Outro é Pitágoras, que se acredita ter viajado muito em sua juventude, pelo menos até o Extremo Oriente como a Pérsia, e que também foi morto pelos ignorantes. Um que é mais recente e, portanto, também mais certo, é o de HP Blavatsky, fundadora da Teosofia e criadora do espiritualismo vitoriano, que também precedeu e influenciou muito do que as pessoas consideram ser “nova era” ou “novo pensamento”.

Em geral, acho que subestimamos o grau em que as pessoas viajaram e os ensinamentos foram compartilhados ou disseminados pela Rota da Seda e outras rotas comerciais entre o Oriente e o Ocidente, ao longo de nossa história. Não ajuda que nossos historiadores tradicionais hesitem em reconhecer a influência oriental no pensamento ocidental. Então, com toda essa polinização cruzada, por que o Ocidente e o Oriente não são idênticos?


Sabedoria em contraste

A diferença mais marcante para mim entre Oriente e Ocidente, em termos de mistérios, é que no Oriente eles simplesmente não são mistérios. Não há muito segredo nas tradições vedântica, budista ou taoísta, os professores tendem a dizer publicamente coisas como: "Enquanto Deus parecer estar fora e longe, haverá ignorância. Mas quando Deus é realizado interiormente, esse é o conhecimento verdadeiro [Sri Ramakrishna].” Os volumes dos Vedas e de outros ensinamentos orientais estão cheios de coisas assim, que hoje no Ocidente podem ser meramente ridicularizadas, mas no passado, poderiam ter levado a um incêndio na fogueira ou à crucificação, por falar tão blasfemamente.

Aqui, chegamos ao que me parece ser a principal razão do sigilo das tradições ocidentais, que é o milênio da história em que as religiões do deserto de Abraão se voltaram de suas origens místicas para as trevas do fanatismo e da ignorância e do dogma. A Inquisição espalhou-se como uma praga, reinando sobre o Ocidente com o chicote de fogo da perseguição religiosa por cerca de mil anos. Embora nossas lições de história frequentemente passem por esse período como a "Idade das Trevas", com alguma discussão sobre feudalismo e monarquia, a dura realidade é que a cultura ocidental passou por uma limpeza intelectual e religiosa, onde todas as ideias que contrariavam os dogmas da igreja (ou a mesquita) foram punidos com tortura, prisão e morte horrível.

Não é de se admirar, então, que aqueles que mantinham a sabedoria das antigas tradições do Ocidente foram forçados a buscar abrigo em organizações como a maçonaria operativa, que fornecia sigilo, bem como uma estrutura organizacional altamente eficaz e um terreno fértil para a codificação simbólica de sabedoria nas ferramentas e princípios da alvenaria. Enquanto isso, nossos vizinhos orientais, protegidos pela distância, características geográficas como o Himalaia e seus próprios reinos e estruturas de poder, mantiveram a sabedoria transmitida desde os tempos antigos e continuaram a ensiná-la de uma maneira relativamente aberta. Isso é uma simplificação exagerada, mas eu diria, mais precisa.

Além de estar oculto vs. estar aberto, o que mais separa o Ocidente do Oriente? Talvez haja uma diferença mais essencial, devido às diferenças de temperamento e cultura dos dois povos, moldadas em parte por seus climas. Eu poderia argumentar que os climas adversos da Europa, principalmente no Norte, geraram uma espiritualidade mais focada na ação, na intenção e na superação de obstáculos, enquanto os ambientes tropicais orientais, principalmente na Índia, criaram uma espiritualidade com uma visão mais passiva, concentrada na meditação e na entrega. Essa teoria pode ter algum mérito, mas, em última análise, nunca saberemos com certeza. Parece-me que o Ocidente está mais focado em construir e trabalhar ativamente para aperfeiçoar o humano, enquanto o Oriente é mais sobre a dissolução, o desapego e a libertação do apego.

Correndo o risco de ser acusado de simplificar demais a neurociência, a dicotomia geral dos lados esquerdo e direito do cérebro também pode corresponder ao mesmo princípio. De muitas maneiras, o Ocidente e o Oriente são semelhantes à esquerda e à direita. O Oeste / Esquerda tem tudo a ver com lógica claramente definida, com limites, e coloca uma maior ênfase no intelecto; o Leste / Direito é mais sobre percepção direta, dissolução de limites e coloca maior ênfase nas realizações intuitivas. Com todas essas diferenças, há um terreno comum? Qual é o corpo caloso do Oriente e do Ocidente?


A ponte e a escada

Eu diria com certeza, e como sugere o início deste post, que há semelhanças surpreendentes, às vezes, entre os ensinamentos da Loja ou do esoterismo ocidental em geral, e os dos Swamis. Ambos falam da condição humana como um estado de escuridão e ignorância que luta pela luz; ambos projetam suas '    'estruturas sagradas para se assemelharem ao corpo humano; ambos tendem ao idealismo, ou a crença de que a consciência, e não a matéria, é fundamental; em última análise, ambos ensinam que Deus habita em nós.

As semelhanças são certamente maiores do que as diferenças, e a essência, acredito, é única. De muitas maneiras, a maçonaria em particular pode ser uma ponte excelente entre os dois sistemas, com seus laços estreitos com a teosofia, uma tradição muito mais oriental do que muitos dos outros sistemas ocidentais. Qualquer que seja a ponte que usamos, parece-me claro que devemos misturar Oriente e Ocidente, direita e esquerda, ação e contemplação, intelecto e intuição, se quisermos nos elevar e subir a escada para uma verdade maior, alguma transcendente gnose.

Em última análise, acredito que estamos todos nos aproximando dessa mesma verdade, como um ponto médio de um círculo que tanto o Oriente quanto o Ocidente circundam à sua maneira. A experiência mística humana clássica, na qual todas essas tradições se baseiam em última análise, parece ser mais ou menos universal entre as culturas e diferir apenas em sua interpretação pós-experiência e no contexto cultural que permite seu florescimento ou força-o a se esconder e se ocultar. De qualquer forma, a verdade aparecerá, e a luz não ficará escondida por muito tempo, pois é o que todo ser humano neste planeta tem sede, nas profundezas de sua alma.


Autor: JONATHAN DINSMORE

Tradução: Paulo Maurício M. Magalhães

A vida virtuosa: 13 - Humildade

 A vida virtuosa: Humildade

Traduzido de Art of Manliness

Nossa imagem popular de masculinidade geralmente consiste em um homem  arrogante, um rebelde que abre seu próprio caminho e permanece confiante e pronto para enfrentar o mundo. “Humildade” não parece se encaixar nessa imagem. A humildade muitas vezes evoca imagens de fraqueza, submissão e medo. Mas esta é uma falsa ideia de humildade. A verdadeira humildade é um sinal de força, confiança autêntica e coragem. É a marca de um verdadeiro homem.


A Hubris de Aquiles

Os antigos gregos freqüentemente escreviam sobre a importância da humildade. Um tema recorrente em toda a sua literatura foram os efeitos vergonhosos, muitas vezes fatais, da "Hubris"- orgulho excessivo e arrogante. Para os gregos, Hubris significava pensar que você era sábio quando não era. Uma história que enfatiza a importância da humildade masculina é A Ilíada, de Homero.

Por toda a Ilíada, encontramos o jovem Aquiles, o invencível soldado grego, sentado em sua tenda fazendo beicinho porque o rei Agamenon levou sua escrava. Enquanto isso, os conterrâneos de Aquiles estão morrendo nas mãos dos troianos. Mesmo quando Agamenon se desculpa e devolve a mulher, na esperança de que Aquiles comece a lutar, Aquiles ainda age como uma criança e se recusa a fazê-lo. Na verdade, ele começa a fazer as malas para voltar para a Grécia. Ele demonstra uma total falta de humildade. Enquanto seus camaradas morrem, ele tenta salvar sua própria pele por causa de um senso inflado de auto-importância e seu orgulho arrogante.

Esse orgulho, então, resulta no grande e astuto Heitor, matando o amigo de Aquiles. Só então, depois que já é tarde demais, Aquiles decide lutar. Mesmo assim, não é nem por seu país; ele é motivado pela atração da vingança. Depois que Aquiles mata Heitor em batalha, em um ato de completa desonra, Aquiles amarra o corpo de Heitor a uma carruagem e o arrasta pelas paredes de Tróia por nove dias.

Embora muitos hoje pensem em Aquiles como um herói, para os gregos antigos ele personificava a vergonhosa consequência da arrogância. Embora admirassem sua lendária habilidade de luta, a verdadeira lição que aprenderam de sua história foi a necessidade de ser humilde.


O que é humildade?

A definição de humildade não precisa incluir timidez ou tornar-se um "cristalzinho". Em vez disso, a humildade simplesmente exige que o homem pense em suas habilidades e ações como nem maiores nem menores do que realmente são. A verdadeira humildade então exige que o homem saiba e seja completamente honesto consigo mesmo. Ele avalia honestamente quais são e em que magnitude possui talentos e dons, forças e fraquezas.

Humildade é ausência de orgulho. Somos ensinados a pensar que o orgulho é uma coisa boa. Mas o orgulho funciona apenas quando você compara os outros a você mesmo. Não baseie sua autoestima em como você se compara aos outros. Em vez disso, concentre-se em você mesmo e em como você pode melhorar. C.S. Lewis disse o seguinte sobre o orgulho:



O ponto é que o orgulho de cada pessoa está em competição com o orgulho de todos os outros. É porque eu queria ser o grande sucesso na festa que fico tão irritada por outra pessoa ser o mais comentado. Dois bicudos não se beijam. Agora o que você tem que ter claro é que o Orgulho é essencialmente competitivo - é competitivo por sua própria natureza - enquanto os outros vícios são competitivos apenas, por assim dizer, por acidente. O orgulho não tem prazer em ter algo, apenas em ter mais do que o próximo. Dizemos que as pessoas têm orgulho de serem ricas, inteligentes ou bonitas, mas não têm. Eles têm orgulho de ser mais ricos, ou mais inteligentes, ou mais bonitos do que os outros. Se todas as outras pessoas se tornassem igualmente ricas, inteligentes ou bonitas, não haveria nada de que se orgulhar. É a comparação que o deixa orgulhoso: o prazer de estar acima dos demais. Depois que o elemento de competição desaparece, o orgulho desaparece.


O que humildade não é

Em sua busca pela humildade, as pessoas costumam confundir humildade com falsa modéstia. Acho que todos nós já fomos culpados disso uma vez ou outra. Quando somos reconhecidos por uma grande realização, agimos como se o que fizemos realmente não fosse tão importante. Por exemplo, passamos muitas horas montando meticulosamente uma excelente apresentação para o trabalho e, quando as pessoas nos elogiam, dizemos: "Oh, eu apenas juntei umas idéias." Temos a tendência de desvalorizar o que fizemos sob o pretexto de humildade. Na verdade, as pessoas muitas vezes assumem o aspecto de falsa humildade para receber mais elogios e adulação dos outros. Você quer que as pessoas pensem “Uau, ele disse que simplesmente juntou as idéias! Imagine o que ele poderia fazer se tivesse passado horas nisso.” Quando você faz algo bem, não tem que se exibir, mas reconheça sinceramente o que você conquistou.


Como praticar a humildade

Dê crédito a quem o merece. O homem orgulhoso receberá o máximo de crédito possível pelo sucesso. O homem humilde busca iluminar todas as outras pessoas e os golpes de sorte que se uniram para fazer esse sucesso acontecer. Nenhum homem se levanta com a força de suas pernas sozinho. Talento inato, um membro da família que o apóia, um amigo, um professor ou treinador e golpes de sorte sempre contribuem de alguma forma.

Não se exiba. Você já conversou com um homem que achou necessário dizer que já esteve na Europa duas vezes, tirou um 10 na faculdade, janta com frequência em restaurantes caros ou conhece um autor famoso em momentos nos quais tais informações não tinham nada haver? Essas pessoas são completamente irritantes e estão basicamente tentando fazer com que os outros saibam como eles são ótimos. Seu senso exagerado de auto-importância os leva a exigir a maior parte da atenção. Esses homens são claramente inseguros; eles não acham que podem conquistar o interesse dos outros sem antecipar todas as suas "qualidades". Um homem humilde pode se conter para compartilhar seus pontos fortes. Ele entende que outras pessoas têm histórias igualmente importantes e interessantes para compartilhar, e sua vez chegará.

Faça o que é esperado, mas não dê muita importância a isso. A geração do meu avô entendeu a ideia de cumprir seu dever. Em seu livro, The Greatest Generation, Tom Brokaw fez esta observação:


A geração da Segunda Guerra Mundial fez o que se esperava deles. Mas eles nunca falaram sobre isso. Fazia parte do Código. Não há metáfora mais reveladora do que um cara em um jogo de futebol que faz o que se espera dele - uma grande jogada - depois se levanta e dança. Quando Jerry Kramer fez o lançamento decisivo  que venceu o Ice Bowl em 67, ele simplesmente se levantou e saiu do campo.

Por que não aprendemos uma lição com nossos avós? Faça algo porque você deve fazer, tenha um pouco de humildade e cale a boca sobre isso.

Realize serviço e caridade anonimamente. Homens orgulhosos querem que todos saibam quando fazem um ato de caridade. Eles colocam em conversas a quantidade de dinheiro que doaram para uma causa, postam fotos de seus serviços no Facebook e nunca perdem a chance de lembrar a alguém a quem prestaram serviço e de sua generosidade para com eles. Obviamente, estão prestando serviço pelo motivo errado: para atiçar o ego e ganhar aclamação. A verdadeira caridade não é egoísta e é feita exclusivamente para o benefício de outros. Da próxima vez que você fizer algo legal, tente guardar tudo para si mesmo. É um teste difícil para sua humildade viril.

Pare de querer superar as pessoas. Poucas coisas são mais irritantes do que um homem que constantemente supera os outros durante uma conversa. Você diz: “Uma vez fui a um show dos Rolling Stones”. Ele diz: “Uma vez eu recebi passes para os bastidores de um show dos Rolling Stones”. O que quer que alguém diga, ele quer dizer que fez melhor. Resista ao impulso de participar dessas competições de quem faz xixi mais longe. Você geralmente acabará com xixi no próprio pé. Se você notar alguém que deseja se engajar nessa demonstração de superioridade, seja o melhor homem e deixe-o ter seu momento de glória. As pessoas podem falar sobre a história emocionante daquele cara no dia seguinte, mas eles vão se lembrar o quanto você é um cavalheiro anos depois.


Leia o resto da série das 13 virtudes

A medida que publicarmos cada módulo desta série iremos colocar aqui abaixo o respectivo link. 
É sempre um bom dia para começar a ser virtuoso. 


Tradução: Paulo Maurício M. Magalhães

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