Quem é o Filho da Viúva

 Quem é o Filho da Viúva?


Traduzido de Universal freemasonry


A origem do termo Filho da Viúva é bastante antiga e profunda na tradição maçônica. Por que o herói órfão desempenha um papel tão proeminente no cinema, na mitologia e na Maçonaria?

Talvez mais conhecido como um clube de motociclismo maçônico (uma versão dos Bodes do Asfalto - N do T), a origem do termo Filho da Viúva é, na verdade, bastante antiga e profunda na tradição maçônica. Qual é o significado deste termo, por que todo maçom é considerado Filho de uma Viúva? Como acontece com tantos outros aspectos da Maçonaria, o mistério do Filho da Viúva é parte de uma tapeçaria viva de várias camadas de mito que é investigada, descoberta, transmitida e reconstruída ao longo do tempo por cada maçom individualmente e todos os maçons coletivamente.

Como sempre, este escrito não é uma expressão das visões oficiais, mas simplesmente as reflexões de um Irmão.


Linhagem Bíblica?

Como até os não-maçons podem estar cientes, a Maçonaria toma como sua estrutura mitológica primária vários aspectos da história bíblica, particularmente o Rei Salomão e, claro, a figura central do arquiteto que ele escolheu para construir o Templo de Deus durante seu reinado, Hiram Abiff. Uma linha de investigação sobre o termo Filho da Viúva especula que o título se refere a uma linhagem genealógica literal, um ramo cujos frutos incluiriam Jesus, Salomão, Davi, desde Enoque e Adão, o primeiro ser humano bíblico. Como você pode imaginar, os teóricos que ligam a linhagem de sangue do Graal à maçonaria adoram esta interpretação.

A razão pela qual esta linhagem é chamada de Filho da Viúva é que um de seus primeiros ancestrais maternos é o personagem bíblico de Ruth. Ela era moabita, um povo descendente do episódio incestuoso com Ló e suas filhas depois da destruição de Sodoma e Gomorra. No entanto, Moabe também era sobrinho de Abraão. Portanto, Rute era membro desse ramo um tanto “maculado”, mas ainda real, da família israelita, e era particularmente justa por causa de sua lealdade ao marido (de Judá), mesmo após a morte. Por isso, ela acabou sendo abençoada podendo se casar com outro judeu, Boaz, e eventualmente, (30 gerações depois) ancestral de Jesus.

Ser filho de uma viúva, no sentido de ser um maçom, tem alguma conexão com a genealogia bíblica? Dado que não há nenhuma análise genealógica ou genética específica quando você se torna um maçom, isso é duvidoso, embora não possamos dizer que não haja uma maneira pela qual isso possa ser relevante. Eu não posso nem começar a tocar em qualquer tipo de investigação completa deste tópico dentro do período deste breve artigo, mas os links acima e algumas pesquisas relacionadas no Google podem sem dúvida levá-lo a uma profunda pesquisa, se seu coração assim desejar.

Por outro lado, é mais provável que o significado seja mais simbólico, talvez tendo a ver com trazer os Filhos de Deus Perdidos de volta ao reduto, ou em um sentido interno, aspectos do eu que se desviaram de volta ao alinhamento com a divindade interna. Como acontece com quase tudo, você também pode interpretá-lo de uma forma Junguiana. Nesse sentido, outra linha de raciocínio diz que os Filhos da Viúva são na verdade os filhos da matéria que estão separados da paternidade espiritual de Deus Pai, sendo a Viúva, neste caso, o aspecto feminino de Deus, como se manifesta no mundo material.

Isso faria com que os "Filhos da Viúva" fossem aqueles que perderam sua conexão com sua origem divina, Deus Pai, resultando em um apego à Mãe Natureza, mas buscando encontrar aquela conexão divina paterna novamente. Curiosamente, uma interpretação etimológica de Hiram Abiff significa "o rei que estava perdido". Claro, isso também tem relevância para as origens egípcias da história e para o mítico Deus-Rei falecido (Osíris - N do T).


O arquétipo do herói órfão


Um arquétipo que você deve ter notado sobre as várias histórias que capturaram a imaginação popular é o do Herói Órfão. Se você nunca pensou sobre isso, pare um momento para considerar quantos heróis e vilões da ficção são órfãos de um tipo ou outro, uma lista que inclui notáveis que vão desde alguns dos super-heróis mais populares como Superman, Batman ou Homem-Aranha, até vários protagonistas de fantasia como Frodo Bolseiro ou o próprio Harry Potter. O que há no herói órfão que fala tão fortemente à mente coletiva?

É um fato psicológico bem conhecido que crianças sem pai correm maior risco de uma variedade de problemas de saúde mental e problemas gerais de vida, e pode ser por isso que muitos vilões também são órfãos. No entanto, como vemos nos nossos heróis órfãos fictícios ad infinitum, esse risco pode na verdade representar apenas metade de um potencial para ir mais longe em qualquer direção do que uma pessoa normal faria, simplesmente em virtude de enfrentar as duras verdades da vida logo no início. Talvez haja uma razão pela qual a Maçonaria é conhecida por cuidar de viúvas e órfãos, e tomar literalmente os filhos das viúvas sob sua proteção na Maçonaria tradicional (Lowtons - N do T). Certamente as viúvas e seus filhos são alguns dos mais necessitados, mas talvez também sejam conhecidos por possuírem algum potencial único, devido às consequências psicológicas de sua situação?

Não requer muita imaginação para ver que um evento como a perda precoce de um ou mais pais pode impulsionar a consideração de questões maiores da vida, uma noite escura da alma, muito antes que a maioria das pessoas tenha de enfrentar tais coisas. Uma análise do arquétipo órfão revela que ele contém tanto perigos quanto potencial. No entanto, dado que os órfãos reais são relativamente poucos e distantes entre si, em comparação com a vasta maioria das situações familiares relativamente normais, por que o herói órfão desempenha um papel tão proeminente na mitologia popular?


Diamantes na pedra bruta

Na verdade, se olharmos cuidadosamente para o arquétipo do herói órfão, os traços de personalidade que os personagens exibem são frequentemente aqueles do tipo de pessoa atraída pela Maçonaria. Pense nos heróis órfãos comuns: Harry Potter, Peter Parker, o jovem Clark Kent, Bruce Wayne ou mesmo Cinderela. Suas situações terríveis na vida os separam do rebanho e os tornam mais reflexivos, sérios e possuindo alguma qualidade extra, que pode ser ficcionalmente manifestada como inteligência ou algum tipo de magia, vantagem ou superpotência latente; no entanto, muitas vezes também carecem de certas habilidades-chave, como confiança na tomada de decisões, disciplina e liderança, coisas idealmente aprendidas com um pai. A jornada do herói que eles passam é tipicamente sobre aprender esses aspectos enfrentando seus medos e embarcando em uma busca para enfrentar as trevas da vida, a princípio com alguma ajuda de ajudantes sábios, mas finalmente por conta própria.

Por que esse "algo a mais?" No reino da personalidade, o que você faz é o que você se torna. Se uma grande crise precoce o impede de se relacionar facilmente com seus colegas, e também o obriga a buscar um maior significado na vida, então grande parte da energia que normalmente seria gasta em atividades sociais "normais" será gasta em outra coisa, e o que frequentemente se manifesta a partir disso é um aumento em outros conjuntos de habilidades, em sua maioria não relacionados à atividade social, como criatividade, racionalidade, filosofia e percepção. Em virtude de serem um tanto distantes da dinâmica primordial das hierarquias sociais humanas normais, essas pessoas são mais propensas a desenvolver coisas como sabedoria e intelecto desde o início.

Em um nível mais simbólico, de Hórus a Luke Skywalker, todos nós podemos ver um pouco de nós mesmos nas muitas iterações do Herói Órfão, talvez por causa da desconexão simbólica do mundo mundano e do senso de algum propósito superior a ser descoberto. O desafio que todos nós enfrentamos é aprender as ferramentas internas necessárias para manifestar o potencial dentro de nós, e é exatamente para isso que a Maçonaria foi criada. O resultado final, quando executado corretamente, são líderes ou "Reis" na sociedade que não são simplesmente pessoas comuns e bestiais, jogando os jogos de hierarquia de dominação da sociedade humana, puramente para cumprir seus próprios desejos básicos; mas líderes ponderados e sábios, que de outra forma nunca teriam se destacado, se não tivessem passado pelo aprendizado, cura e fortalecimento necessários para desempenhar o papel.


autor: Jonathan Dinsmore

Tradução: Paulo Maurício M. Magalhães

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