Os Quatro Elementos: O Que Significam Na Maçonaria? [Parte 2]

 Os Quatro Elementos: O Que Significam Na Maçonaria? [Parte 2]


Traduzido de:  Universal Freemasonry


Em nossa discussão anterior na Parte 1, começamos um exame dos elementos como símbolos e continuaremos com isso aqui.

Abordamos os dois primeiros elementos, Terra e Água, e discutimos suas qualidades essenciais e correlatos simbólicos na mente ou consciência. À medida que continuamos com Ar e Fogo, o leitor fará bem em lembrar a importância da estrutura e da fluidez, bem como da inércia e da mudança.


Ar 



O elemento Ar é um avanço na qualidade dinâmica da Água, mas não exatamente como o Fogo. Em muitos aspectos, o Ar é diferente, mas não tão diferente da Água. Como a água, ele sobe quando é aquecido e cai quando é resfriado. Como a Água, ele flui ao redor do globo, na forma de vento. No entanto, ao contrário da Água, tem uma qualidade de expansividade, há mais pressão para fora e menos pressão para baixo, uma vez que não cai ou flui na forma líquida. Um aspecto crítico do Ar em nossa própria experiência é que ele é o elemento mais imediatamente necessário para nossa biologia, podemos passar muito mais tempo sem comida (Terra) ou bebida (Água) do que sem ar. O ar é um ingrediente essencial do fogo e, sem ele, o fogo irá imediatamente eliminar o ar. O ar tem uma qualidade espaçosa, oferece muito pouca resistência ao movimento e qualquer coisa leve o suficiente pode realmente flutuar ou voar, o que é essencialmente como nadar no oceano de ar.

Então, o que é o ar dentro de nós? Assim como os elementos anteriores, as pistas estão em nossa experiência direta. Quando estamos no ar, podemos ver claramente o que está mais longe, como a águia voando alto, mas capaz de ver o menor rato. Nós nos referimos aos empreendimentos humanos mais intelectuais como a “Torre de Marfim”, que é, obviamente, muito acima e distante do resto da vida humana, capaz de ver tudo através do ar. O mesmo poderia ser dito das montanhas, que também são onde se costuma dizer que santos e grandes mestres são encontrados, aqueles que são sábios e “vêem” a verdadeira perspectiva da vida. O ar também ressoa com o conceito de liberdade, precisamente por causa da falta de obstrução, e a liberdade muitas vezes é personificada simbolicamente como voar - como um pássaro. Portanto, o Ar é mais livre e menos inerte do que os três elementos anteriores e corresponde aos aspectos de nossa mente e experiência que são mais livres e claros. Parte do que o Ar representa é  a pura mente, ou intelecto, é o espaço mental dentro do qual imagens claras, pensamentos e modelos conceituais podem ser formados.


Fogo



De muitas maneiras, o elemento Fogo parece estar separado dos outros três elementos. Em vez de ser algo, uma substância, o fogo é mais um processo, uma mudança. O fogo transforma uma coisa em outra e também separa uma coisa da outra. O exemplo mais simples é a separação dos gases aprisionados dentro de uma tora de madeira (terra) inerte, da qual sobra somente cinzas após da queima. Além disso, envolve radiação, a liberação não apenas de gás, mas também de energia que estava latente dentro do elemento que o fogo queimava, emitindo luz e calor. Assim, de certa forma, pode ser visto como uma transformação daquilo que está preso no que é livre, da matéria em energia.

Podemos dizer que as qualidades essenciais do fogo são dinamismo, mudança, transformação e purificação. Em certo sentido, embora pareça separado, o fogo também é a fonte de todos os outros elementos, pois é apenas pelo fogo do sol que todas as coisas têm movimento e existência. Sem fogo, tudo seria escuridão imóvel.

Por essas razões, também pode ser difícil identificar o significado simbólico exato do Fogo dentro de nós, embora pareça claramente significativo. Certamente, o Fogo habita dentro de nós, na forma de energia produzida pelo lento “fogo” químico do intestino, e sem os fogos de nossos vários processos bioquímicos, incluindo o disparo neural, morreríamos ainda mais rapidamente do que sem o ar. Em termos de nossa consciência, representada pela luz, visto que o Fogo emite luz, talvez o Fogo represente aquilo que cria ou liberta a consciência da matéria?

No mito, o Fogo é apresentado como o presente que Prometeu roubou dos Deuses para dar ao homem, que permitiu à humanidade ter conhecimento e civilização. Certamente, a descoberta do Fogo e como usá-lo é frequentemente considerada como o início da verdadeira existência Humana, e também da tecnologia. Mesmo aquelas culturas humanas que consideramos mais primitivas ainda possuem e utilizam o Fogo. Em termos do gradiente da inércia ao dinamismo, certamente o Fogo está na extremidade dinâmica mais distante do espectro; representando uma liberação de energia, é ainda mais “livre” do que o ar. O fogo, de certa forma, representa pura mudança, puro dinamismo.


Os elementos em perspectiva


O que é este universo? Uma forma de responder é dizer que consiste nesses elementos, mas o que isso realmente nos diz? Outra perspectiva compatível é aquela dada na filosofia perene, a filosofia dos Vedas e dos Idealistas, de que esta realidade é fundamentalmente consciência ou mente. Este é um conceito que está sendo revisitado por muitos filósofos modernos, conhecido  como pampsiquismo, devido a várias deficiências em nossas tentativas de explicar o universo puramente em termos materialistas. Essa também é a percepção geralmente aceita nas tradições ocultas, e, de fato, na sabedoria da  maioria das tradições culturais, se você se aprofundar o suficiente. Que tudo é, em última análise, "mente", como descrito no Princípio de Mentalismo, do Caibálion.

Se todo o universo contém elementos de mente ou consciência, então talvez a dicotomia entre ver os elementos simbolicamente e literalmente seja desnecessária. Se tudo é mente, o que equivale a dizer que tudo é um sonho, talvez essas sejam simplesmente diferentes interações da mesma dinâmica ou padrão essencial, em diferentes níveis do sonho; como acima, abaixo; como dentro, é fora. Se os diferentes elementos são formas diferentes da mesma substância mental fundamental, qualquer que seja o nome que se der a ela. Parece-me que esses elementos representam um processo que começa a ser limitado pela inércia, da qual a Terra seria o extremo, sendo gradualmente submetida a mudanças, até se tornar cada vez mais livre, da qual o Fogo é o extremo.

Todo esse processo pode ser visto como uma transmutação da matéria em energia ou luz, assim como o Fogo é matéria sendo transformada, para iluminar a escuridão. É claro que, como fora, é por dentro, e alguma versão desse mesmo processo está acontecendo dentro de todos nós. Nossos aspectos mais vinculados à matéria estão gradualmente sendo influenciados e transformados pelas forças da mudança, seja de dentro ou de fora. Cada experiência é, em maior ou menor grau, um catalisador nesse processo e causa “movimento nas águas profundas”. Eventualmente, este processo culmina na ignição do Fogo dentro de nós, da Luz interior.


Nossas dores e nossos prazeres, nossos altos e baixos, em última análise, dão origem ao amanhecer da verdadeira Consciência, o que alguns podem chamar de Gnose. Por quê? Porque assim como a luz que é emitida pelo Fogo estava previamente aprisionada na matéria do combustível, aquela Centelha Divina sempre esteve latente dentro de nós, observando, esperando seu momento surgir.

Agora, fechamos o círculo para a Maçonaria e o significado dos elementos simbolicamente para a Arte real. O que estamos fazendo como maçons, senão acendendo, alimentando e mantendo uma luz na escuridão - um Fogo na densidade e confusão da existência material? Cada elemento desempenha sua parte e existe dentro de todos nós; o ponto culminante da interação desses elementos, quando utilizados habilmente, é a ignição dessa Luz Prometeica, dentro de si e dentro do mundo. Que esforço mais nobre poderia alguém se dedicar, do que trazer luz às trevas dentro de si mesmo e dentro de toda a humanidade?


Escrito Por Johnathan Dinsmore para Universal Freemasonry

Traduzido Por: Paulo Maurício M. Magalhães - MM - MRA - FRC

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